Cotidiano

Lojas pequenas perdem para lojas de departamento

A expectativa dos comerciantes é de que as vendas não melhorem no Natal

Foto: Fábio Donegá/ arquivo
Foto: Fábio Donegá/ arquivo

Reportagem: Milena Lemes

Em outros anos, esta época já era de intenso movimento nos shoppings de importados, conhecidos como camelôs, em Cascavel. Agora, os comerciantes não escondem a preocupação. O dólar nas alturas tirou a vantagem de trazer produtos do Paraguai e eles não conseguem mais fazer frente às lojas de departamento. “Aqui eu vendo um boneco do Homem-Aranha por R$ 100 e consigo parcelar em até duas vezes, mas em uma loja grande o cliente encontra o boneco por R$ 50 e parcela em até dez vezes… não tem como competir”, lamenta uma vendedora que pediu para não ser identificada.

Ela trabalha na Associação dos Vendedores do Centro Comercial Cristo Redentor, na região do Ciro Nardi, em Cascavel, onde o clima é de baixa expectativa para as vendas. “O pessoal vem, olha, passeia, pergunta o preço, mas não compra”, confirma a comerciante Ivone Vanso.

Ivone vende brinquedos que traz do Paraguai, mas explica que o dólar do outro lado da fronteira é ainda mais caro e precisa repassar o preço para os consumidores finais. “O dólar aqui no Brasil está R$ 4,20, mas a gente chega lá e está R$ 4,31… não tem como eu deixar o produto mais barato, porque ainda gasto com gasolina, pedágio…”

Os vendedores do Shopping São Paulo, perto da Rodoviária, lembram ainda da concorrência na internet, principalmente com eletrônicos. “Têm alguns clientes que preferem comprar online, porque há uma variação grande de preços, principalmente nos celulares, e a possibilidade de parcelamento é maior”, observa um vendedor que pediu para não ser identificado. Na loja onde ele trabalha, é possível parcelar em até seis vezes, mas alguns sites permitem parcelamento em até 24 vezes.

Eletrônicos

Os eletrônicos atraem os olhares dos consumidores, mas é difícil chegar à compra. “Aqui, na loja, nós também fazemos assistência técnica e é isso que nos salvou neste ano, porque as vendas estão muito fracas”, conta a comerciante Neia Ribeiro, que trabalha no ramo há dez anos.

Segundo ela, de 2015 a 2019 as vendas caíram 30%. “A gente não pode desanimar, mas não temos certeza se as vendas melhorarão no Natal”.