Política

Livre-comércio: Brasil negocia acordo com a China, diz Guedes

Sem entrar em detalhes, Guedes afirmou que o objetivo do Brasil é ampliar as trocas comerciais com o país asiático

Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nessa quarta-feira (13) que o Brasil conversou com a China sobre a possibilidade de estabelecimento de uma área de livre-comércio entre os dois países. Sem entrar em detalhes, Guedes afirmou que o objetivo do Brasil é ampliar as trocas comerciais com o país asiático, ainda que isso signifique uma redução do superávit comercial do Brasil com o parceiro.

“Não me incomodo se nossa balança [comercial] com a China se equilibrar lá na frente”, afirmou Guedes, durante evento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como o “Banco dos Brics”, promovido em Brasília em ocasião da 11ª Cúpula do Brics. “O que queremos é mais comércio com a China.”

Os Brics são os cinco países emergentes, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“O Governo Bolsonaro chegou com a decisão de buscar o caminho da prosperidade. A integração ao comércio global é um dos caminhos para a prosperidade”, disse. “Entramos no Mercosul e dissemos: ‘queremos continuar nos integrando’. Entramos para a União Europeia e dissemos: ‘queremos continuar nos integrando’. Agora, estamos conversando com os Brics, com o mesmo discurso: ‘queremos continuar nos integrando’”.

Guedes adiantou que a conversa com a China tem sido sobre como aumentar a cooperação em diferentes dimensões. Em primeiro, na dimensão de comércio: “O fluxo de comércio do Brasil com a China era de US$ 2 bilhões mais ou menos na virada do século. Hoje estamos negociando US$ 100 bilhões”, citou.

De acordo com ele, a China é o mais importante parceiro comercial do Brasil: “Estamos conversando exatamente como podemos aumentar este grau de cooperação.”

De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou R$ 21,5 bilhões a mais do que importou da China, segundo o Ministério da Economia. Os chineses respondem por 27,8% das exportações e 20% das importações, o primeiro país tanto nas vendas como nas compras.

Para Guedes, o Brasil ainda é uma das economias mais fechadas do mundo. “Estamos trabalhando para mudar isso”, acrescentou. “Queremos sair desta armadilha (do baixo crescimento). Uma das ferramentas é a integração. A má notícia é que demoramos a entender isso”, afirmou. “Outros parceiros criaram tratados sem envolver o Brasil, porque o Brasil está atrás.”

Segundo ele, um dos erros do Brasil nos últimos anos foi ficar “de costas para a integração global” e que uma das consequências é a piora do padrão de vida dos brasileiros. “Nosso padrão de vida está piorando, enquanto o outro lado do mundo sobe”, disse, destacando o avanço econômico da China e da Índia.

Banco do Brics mira PPI e privatizações

O presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento) – o banco do Brics -, Kundapur Vaman Kamath, disse que as oportunidades de investimentos no Brasil são promissoras. Kamath citou investimentos em projetos relacionados ao PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e as privatizações, durante a abertura do seminário O NDB e o Brasil: Parceria Estratégica para o Desenvolvimento Sustentável, em Brasília.

Ele destacou ainda a abertura do Escritório Regional das Américas, em São Paulo, que já está em funcionamento, assim como o subescritório criado em Brasília.

Segundo o presidente do NDB, o banco focou sua atuação, inicialmente, em projetos do setor público. Kamath disse que agora é preciso ampliar os projetos no setor privado.

Para a criação do banco, governantes das cinco economias se comprometeram a integralizar, cada um, 20% de um total de US$ 10 bilhões entre 2016 e 2022 para compor a nova instituição. O Brasil repassou US$ 1 bilhão e deverá destinar mais US$ 1,050 bilhão para a instituição até 2022.

Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a carteira de empréstimos aprovados do NDB entre 2016 e 2018 englobou 30 projetos no valor total de US$ 8,1 bilhões. A China teve a maior participação nos projetos aprovados, com 34% do total acumulado, seguida por Índia (32%), Rússia (18%), África do Sul (8%) e Brasil (8%).