Política

Coluna Contraponto do dia 13 de julho de 2018

Começa a sair do armário mais um esqueleto do Governo Beto Richa

A revelação do jornal Valor Econômico de que a Copel, mesmo sem saber, tinha se tornado sócia de um investimento imobiliário em São Paulo – um problema que lhe causou embaraços até mesmo na Bolsa de Valores de Nova Iorque – guarda potencial para tirar do armário mais um esqueleto deixado pelo Governo Beto Richa. (Leia matéria ao lado) De acordo com a reportagem de Rafael Martins, nos bastidores do poder paranaense, deputados estaduais do governo e da oposição, além de fontes na Copel, atribuem a nomeação de Tomasi ao cargo que ocupou entre 2011 e 2017 ao sogro dele, Nestor Batista, um radialista tornado político que ocupa o cargo de conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) desde 1989. “Ninguém aqui tem ideia se [Tomasi] é gordo, magro, velho, novo. Eu só sei que é genro do Nestor Batista”, disse ao Valor, sob a condição de anonimato, um deputado estadual que foi importante aliado do ex-governador Beto Richa, do PSDB. Principal acionista da Copel, o Estado, comandado por Richa, determinou que a estatal indicasse Tomasi para ser diretor da Uega.

Quem é

“É o usual. O conselheiro indicou o genro, o governador atendeu. O Brasil funciona assim, né?”, ironizou o parlamentar. A experiência profissional listada no Linkedin se resume a cargos públicos de indicação política. De 2004 a 2008, ele foi diretor do gabinete do sogro no TCE. Saiu dali em agosto de 2008, quando o Supremo Tribunal Federal publicou a Súmula Vinculante 13, que proibiu o nepotismo no serviço público. Em janeiro de 2009, foi nomeado diretor administrativo financeiro da Curitiba S.A., empresa de economia mista da administração municipal – à época, Beto Richa era prefeito. Ali, Tomasi ficou até fevereiro de 2011, quando foi indicado à direção da Uega.

Nota da Veja

A coluna Radar, da revista Veja, publicou nota em que afirma que o presidente licenciado da Fiep, Edson Campagnolo, estaria sendo investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil sob suspeita de práticas irregulares na gestão da entidade e na vida empresarial – segundo consta de um dossiê que circula há meses, difundido por um deputado estadual. Campagnolo é um dos vices cotados para Ratinho.

Reboliço

A nota causou rebuliço na campanha de Ratinho, que agora tenta conter a repercussão, colocar panos quentes e conduzir com tranquilidade a escolha do parceiro de chapa e, sobretudo, evitar o perigo mais próximo – o de perder o aliado PRB, partido ligado à Igreja Universal e com larga penetração nos meios evangélicos, grande bancada na Câmara Federal e detentor do maior tempo de televisão dentre as siglas atraídas para formar a aliança de Ratinho. Campagnolo diz que desconhece e não responde a nenhum inquérito ou ação.

De olho no PRB

Sempre atento aos mínimos movimentos da política (nacional ou estadual, tanto faz), o deputado federal Ricardo Barros já sentiu o “cheiro” de que o PRB, um dos mais importantes partidos que apoiam o candidato Ratinho Jr. (PSD), pode deixar a aliança se não conseguir emplacar um nome da legenda como candidato a vice-governador dele.

Alianças

Bastidores da política paranaense asseguram que Barros, marido da governadora, articulador de sua campanha de reeleição, já estaria buscando aproximação com o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, com o objetivo de trazer a sigla para o balaio da aliança que já fazem parte o PSDB, o DEM, o PTB e outras menores em favor de Cida Borghetti (PP).

No balaio

Barros enxerga que trazer o PRB para a aliança de Cida representa trazer não apenas mais tempo de televisão (que já é o maior), mas também o apoio de algumas correntes evangélicas. O partido foi fundado pela igreja Universal, mas congrega também outras denominações, principalmente nas camadas mais periféricas do eleitorado. Mais do que isso: tirar o PRB de Ratinho é o mesmo que enfraquecer o adversário.