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ECONOMIA

Colapso dos preços: Petróleo cai 305% e fecha abaixo de zero pela 1ª vez

21 de abril de 2020 às 09:00
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Nova York – Em um dia histórico, o preço do barril do petróleo fechou a segunda-feira (20) em um patamar inédito. O óleo tipo WTI caiu 305,97% e ficou cotado abaixo de zero, a US$ 37,63 negativos, em Nova York. É a primeira vez que a commodity é negociada em terreno negativo. Isso significa que fornecedores estão sendo pagos para ficar com o produto.

E, embora o colapso se refira aos contratos para entrega em maio, que vencem nesta terça-feira, 21, ele mostra que há um excesso de estoques do produto por conta da brutal queda na demanda, e isso vai se refletir cada vez mais nos preços.

Os contratos para junho do óleo WTI ficaram cotados a cerca de US$ 20,43, o barril, uma queda de -18,40%. Já o óleo Brent, em Londres, também para entrega em junho, encerrou o dia em baixa de 8,94%, a US$ 25,57 o barril.

No mundo todo, há sinais de falta de locais para armazenamento do produto. De acordo com a Reuters, há cerca de 160 milhões de barris armazenados em navios-tanque, um número recorde, bem acima dos 100 milhões de barris armazenados dessa forma no auge da crise financeira iniciada em 2008.

Os estoques de petróleo em Cushing – o principal centro de armazenamento nos EUA – aumentaram 48%, para quase 55 milhões de barris, desde o fim de fevereiro. O hub tinha capacidade de armazenamento operacional de 76 milhões em 30 de setembro, segundo a Energy Information Administration.

Os negociantes no Texas chegam a oferecer US$ 2 pelo barril em algumas situações, aumentando a possibilidade de que os produtores, em breve, tenham até de pagar para que o petróleo seja retirado de suas mãos.

 

Recessão global

A China anunciou na sexta (17) a sua primeira contração econômica em décadas, uma indicação do que está por vir em outras grandes economias que ainda precisam sair dos bloqueios provocados pelo coronavírus.

“Não há limite para o lado negativo dos preços quando os estoques e os oleodutos estão cheios”, disse Pierre Andurand, gerente de fundos de hedge de commodities, no Twitter. “Preços negativos são possíveis.”

O colapso dos preços está repercutindo em toda a indústria de petróleo. Empresas de exploração reduziram em 13% a perfuração na semana passada. Mas, embora isso possa reduzir a produção, com as empresas diminuindo seus gastos, pode não ser suficiente.

“A redução na exploração nos EUA está ganhando ritmo, mas não é rápida o suficiente para evitar o gargalo no armazenamento”, disse Paul Horsnell, chefe de commodities da Standard Chartered.

Bolsa fica no zero a zero

No mercado brasileiro, o dólar, que chegou a se aproximar dos R$ 5,32, fechou em alta de 1,35%, cotado a R$ 5,30. Já a Bolsa ficou no zero a zero, com queda leve de 0,02% do Ibovespa, a 78,9 mil pontos.

Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras fecharam em baixa de 0,90% e 1,12%, respectivamente, queda considerada contida ante o cenário internacional.

O setor de varejo manteve a tendência de alta registrada nos últimos dias e fechou o pregão com avanço de Magazine Luiza ON (+8,72%), Lojas Americanas PN (+5,79%) e B2W ON (+4,63%). Também registraram alta Cia Hering ON (+5,40%), Lojas Renner ON (+4,00%) e Via Varejo ON (+1,70).

Gasolina fica 8% mais barata

Com a cotação do petróleo despencando no mercado internacional, a Petrobras anunciou mais uma queda nos preços dos combustíveis. O litro da gasolina ficou 8% mais barato em suas refinarias e o do diesel S-10 e S-500 para consumo automotivo caiu 4%.

Para o consumo em usinas térmicas, o S-10 foi revisado em 4,2% para baixo e o S-500, em queda de 4,1%. A Petrobras baixou também o valor do diesel marítimo em 4,1%.

Na prática, segundo fonte do setor, o litro da gasolina ficou R$ 0,0794 mais barato, enquanto os preços do diesel automotivo – S10 e S500 – foram reduzidos em R$ 0,0597.

Para o especialista em Petróleo e Gás da INTL FCStone, Thadeu Silva, com a demanda em queda, por conta dos desaquecimentos de economias em todo o mundo, a Petrobras não tem outra alternativa a não ser baixar seus preços para brigar pelo mercado interno.

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