A abertura da fase de grupos da Libertadores teve um resultado no mínimo surpreendente: em Cochabamba, o pouco renomado Jorge Wilstermann (BOL) goleou por 6 a 2 o famoso Peñarol (URU), pentacampeão do torneio. Nem o treinador do time boliviano, Roberto Mosquera, parecia contar com um placar tão positivo.
Em entrevista coletiva após a partida, Mosquera reconheceu que o time do Wilstermann ainda está em formação. Para ele, a goleada arrasadora sobre o Peñarol não se deve a fatores puramente esportivos.
– Temos dois meses de trabalho e as coisas começam a caminhar porque estamos apostando no processo. Alguns querem que seja da noite para o dia, mas as equipes não se formam desta maneira. É o triunfo da fé – sentenciou Mosquera.
Tanto a imprensa uruguaia quanto os jornais bolivianos mostraram surpresa com o resultado. O jornal “El Pais”, de Montevidéu, classificou a partida como “uma noite terrível” para o Peñarol e usou certa ironia para tratar a situação vivida pelo clube uruguaio.
“Sem dúvida, os tempos mudaram. Em 1960, na partida que abriu a Libertadores, o Peñarol goleou o Jorge Wilstermann por 7 a 1. Há dois anos, na Copa Sul-Americana, goleou por 4 a 0. Ontem à noite, em Cochabamba, ocorreu o contrário: foram goleados por 6 a 2 pelo clube boliviano em uma estreia terrível no torneio continental”, diz o texto na capa do “El Pais”.
Outro jornal uruguaio que acusou o golpe foi o diário “El Observador”, que resumiu a goleada com a palavra “vapuleado”. Em tradução literal, seria algo como “golpeado repetidamente”.
Capa do El Observador – Peñarol x Wilstermann
A imprensa boliviana, por sua vez, vibrou muito com o resultado. O jornal “La Opinión”, de Cochabamba, lembrou que tratava-se de uma ocasião especial para o Wilstermann antes mesmo da bola rolar: era a 100ª partida do clube boliviano na Libertadores. O temor de que o Peñarol estragasse a festa deu lugar a muita comemoração: “Wilster deixa o Peñarol em cinzas”, diz o jornal.
Outro jornal de Cochabamba, cidade onde está sediado o Wilstermann, o diário “Los Tiempos” define a reação não só do Peñarol, como também de boa parte dos que acompanharam a goleada arrasadora: “Wilstermann deixou o Peñarol estupefato”.