SÃO PAULO – Exatos nove meses depois de ser apresentado como técnico, Tite tem nas mãos uma seleção renascida. Nesse período de gestação, o Brasil deixou de ser aquela equipe ranzinza comandada por Dunga, assombrada pela possibilidade real de ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez. As seis vitórias seguidas trouxeram a liderança das eliminatórias e uma certa tranquilidade aos bastidores da delegação.
A diferença em relação a junho de 2016 não está apenas na maneira de jogar e nos pontos que levaram o Brasil a depender apenas de um empate contra o Uruguai, na quinta-feira, em Montevidéu, para ir à Rússia em 2018. A convivência ficou amena, e a preocupação excessiva sumiu dos semblantes antes fechados.
Ainda que Tite tenha reunido o grupo após a vitória sobre o Peru e pedido concentração máxima nos próximos dois jogos (o outro será com o Paraguai, em São Paulo, na terça-feira) para alcançar a classificação, integrantes da delegação concordam que o nível de pressão nem de longe lembra o da estreia do treinador, contra o Equador, mais de dois meses após ser apresentado, em 20 de junho de 2016, quando o Brasil era sexto colocado.
CARINHO NA TORCIDA
O próprio Tite já admitiu que aquele talvez tenha sido o seu jogo mais difícil, pelo fato de ainda não saber, na prática, muita coisa de seleção. Agora, está a uma vitória de chegar a sete seguidas e superar o recorde de seis, que é dele e de João Saldanha (em 1969).
A relação melhor com a imprensa e a torcida também é reflexo de sua personalidade. Nesta segunda, após o primeiro dia de treinos em São Paulo, no CT do Corinthians, um grupo de torcedores esperava o ônibus da seleção na parte externa do hotel onde a delegação está hospedada. Com a chegada de Tite e sua trupe, os seguranças liberaram o acesso até a porta do saguão. Sem Neymar, que tinha previsão de chegada para esta madrugada, o lateral Marcelo, do Real Madrid, foi um dos mais assediados e atendeu tranquilamente os fãs.
O ambiente ao redor da seleção melhorou tanto que o técnico da seleção sub-17, campeã do Sul-Americano do Chile no último domingo, Carlos Amadeu, e o auxiliar Guilherme Dalla Déa foram convidados para integrar a delegação por dois dias.
As vitórias costumam deixar os problemas extracampo em segundo plano. Acontece em todos os clubes, e na seleção não seria diferente. Ontem, o vice-presidente da CBF, coronel Antônio Nunes, que já dirigiu a entidade interinamente, andava pelo saguão do hotel contando as piadas que chegavam em seu WhatsApp. Ele recebia os cumprimentos dos jogadores que desciam para o almoço.
PROBLEMAS DE LADO
Recentemente, o presidente Marco Polo del Nero fez uma piada com um repórter, segundo nota publicada no blog ?Bastidores?, do ?Globoesporte.com?. Ele pediu um perfume do Uruguai após dizer que não viajaria. Acusado de corrupção e indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Del Nero não sai do país desde 2015.
Hoje, no CT do São Paulo, Tite comandará o primeiro treino com todos os jogadores à disposição. À noite, a seleção viajará para o Uruguai.