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Revista aponta exploração de norte-coreanos em obra de estádio da Copa de 2018

Pelo menos 110 norte-coreanos vivem em condições análogas à escravidão para trabalhar na construção da Zenit Arena, em São Petersburgo, que receberá jogos da Copa do Mundo de 2018. Isso é o que aponta uma reportagem da revista norueguesa “Josimar”, publicada nesta semana.

A revista – nomeada em referência ao ex-lateral brasileiro que disputou a Copa de 1986 – cita relatos de um chefe de obras russo cuja identidade foi mantida em segredo. Segundo ele, duas empresas contrataram trabalhadores da Coreia do Norte para fazer reparos estéticos na Zenit Arena, cujo preço de construção já ultrapassa U$ 1,5 bilhão. Os operários foram alojados em contêineres cercados por arame farpado.

O chefe de obras disse que ele próprio recebeu propostas para contratar operários norte-coreanos. Segundo ele, as condições de alojamento e pagamento oferecidas eram precárias, e as jornadas de trabalho não tinham hora para acabar. A maior parte do pagamento, ainda de acordo com a fonte ouvida pela revista, seria destinada ao governo da Coreia do Norte.

– Ofereceram 100 trabalhadores norte-coreanos que estariam preparados para trabalhar o dia inteiro. O preço seria 6 milhões de rublos (equivalente a R$ 330 mil), sendo que 4 milhões seriam enviados ao governo norte-coreano. Os trabalhadores receberiam cerca de 600 rublos (R$ 32) por dia. Recusamos – contou.

Segundo a reportagem da “Josimar”, os trabalhadores norte-coreanos são descritos como “escravos ou reféns” por organizações internacionais e não têm acesso a direitos básicos, como dias de folga.

Andrei Lankov, professor da Universidade Kookmin em Seul entrevistado pela “Josimar”, disse que o governo norte-coreano costuma reter entre 30% e 50% do pagamento de trabalhadores. Embora reconheça que as condições de vida em São Petersburgo sejam precárias, Lankov avalia que a viagem para fora do país pode parecer mais atrativa do que ficar na Coreia do Norte.

– Essas pessoas estão sem esperança. Se você comparar as condições dos norte-coreanos na Rússia com as condições de um país como a Noruega, é um inferno. Comparado ao que eles têm em seu país de origem, é um paraíso.