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No primeiro amistoso após tragédia, Chapecoense enfrenta o Palmeiras neste sábado

Diante de todos os simbolismos presentes em uma partida de futebol, a de hoje carrega um peso maior. Pela vontade de todos em campo, e fora dele, de prestar homenagem àquele time heroico, que morreu não por uma final, mas por toda uma cidade, é possível imaginar este reencontro como um marco. Este é o sentimento em torno de Chapecoense x Palmeiras, amistoso às 16h30m, na Arena Condá, transmitido por Sportv Fox Sports e ESPN.

Foram quase dois meses de distância dos campos desde a tragédia com o voo da Lamia na Colômbia, que matou 71 pessoas, entre elas jornalistas, 19 jogadores, além de dirigentes da Chapecoense, que enfrentaria o Atlético Nacional na partida de ida da final da Copa Sul-Americana, em Medellín. As homenagens instantâneas ao redor do mundo deram força à Chape, que espera transformar a energia em algo positivo no ano da reconstrução.

? Eu andava pelas ruas e fui abraçado por duas senhoras, e elas me falaram dos heróis que se foram. A gente tem que enxergar eles da mesma forma. Eu falei que faríamos o possível para que eles fossem representados da melhor forma. Ficou uma lição pra mim de que nós estamos sendo o divisor de águas não para um clube, mas para uma cidade ? declarou o técnico Vagner Mancini.

Com as portas e corações abertos, o time recebeu a torcida no último treino de apronto no qual Mancini armou o time com base na ordem de chegada. Aqueles com maior tempo de casa saem na frente, mas a jornada este ano será longa. Ao todo, chegaram 24 jogadores.

? Não significa que eu tenha escolhido os 11 melhores. A grande maioria desses 11 que vão atuar amanhã chegaram primeiro e me deram uma consciência tática maior. O time titular de amanhã talvez seja a última vez que seja titular no ano ? explicou o treinador.

Enquanto as senhoras que abordaram Mancini disseram que os heróis se foram, um dos três sobreviventes do time na tragédia mostra que a vida continua, sem que os demais sejam esquecidos. O lateral Alan Ruschel foi à Arena Condá ontem receber o carinho dos fãs e palavras de incentivo. ?Estamos orando por você? e ?força na recuperação? são frases extensivas a todos em Chapecó neste momento, que trazem fortaleza ao grupo.

? Normalmente, falamos do aspecto emocional e o quanto é importante dentro de uma partida. Tem que ter um equilíbrio muito grande. Evoluímos muito como grupo, elenco, família. A gente não se conhecia e hoje temos uma unidade muito maior. Emocionalmente, estamos muito mais fortes ? lembrou Mancini.

teste emocional e físico

O desentrosamento neste início poderá ser pelo fato de todos se conhecerem há pouco tempo, mas o time está conectado por algo maior. O goleiro Artur Moraes e o lateral-direito João Pedro, por exemplo, chegaram na última semana, mas já estão concentrados no objetivo de fazer do amistoso não apenas um teste emocional e físico, mas um esforço que certamente se estenderá no decorrer desta temporada de reestruturação.

? Sabemos que acontecerão homenagens em campo, mas como técnico estou concentrado na partida. É importante que os que vierem ao estádio tenham certeza de que a equipe vai se superar em campo. Futebol é visto e cobrado todos os dias. Vamos ter que mostrar uma série de coisas, que queimamos etapas, que fomos competentes até aqui ? disse o treinador.

Já o Palmeiras chegará sem seis jogadores campeões brasileiros em 2016: Mina, Edu Dracena, Vitor Hugo, Moisés, Lucas Barrios e Rafael Marques, que ficaram de fora para aprimorar a parte física.

Chapecoense: Artur Moraes, João Pedro, Grolli, Fabricio Bruno e Reinaldo; Andrei Girotto, Amaral e Nenén; Rossi, Niltinho e Wellington Paulista; Palmeiras: Fernando Prass, Jean, Antônio Carlos, Thiago Martins e Egídio; Felipe Melo; Róger Guedes, Tchê Tchê, Raphael Veiga e Dudu; Alecsandro.