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Laboratório antidoping da Rio-2016 faz menos testes do que previsto

OLYMPICS-RIO_LAB_-2--859.jpgRIO? O diretor médico e científico do Comitê Olímpico Internacional (COI), Richard Budgett, informou nesta segunda-feira que mais de 3 mil testes antidoping já foram feitos na Olimpíada e que até o fim dos jogos serão 4 mil análises. A quantidade é inferior ao que havia sido anunciado oficialmente antes do início das competições: 6 mil testes.

Os exames são feitos pelo Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), que fica no Polo de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O LBCD foi credenciado pela Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês) para atuar nos eventos-testes e nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Em junho, a Wada chegou a descredenciar o LBCD. Um mês depois, na véspera da chegada dos atletas ao Rio, voltou atrás na decisão e validou o funcionamento do laboratório na Olimpíada.
A contagem sobre o número de testes durante os jogos começou a ser feita a partir da abertura da Vila dos Atletas, em 24 de julho. Segundo Budgett, a qualidade das análises nesta Olimpíada vale mais do que a quantidade.

? A diferença na quantidade depende de como você conta os testes. Os 4,5 mil testes de urina são uma quantidade parecida com a de Londres. Se contarmos todo tipo de análise, vários tipos de exame de sangue, isso eleva para os 6 mil. Ao contrário de outros jogos, em vez de elevar o número, agora a preocupação é com a qualidade do exame ? disse o diretor do COI.

Budgett afirmou que o COI tem um programa de reanálise de testes, que prosseguirá após a Olimpíada no Rio. São reanalisadas 1,4 mil amostras recolhidas nos jogos de Pequim em 2008 e de Londres em 2012, com 98 achados de doping. Nenhum desses 98 atletas pode competir no Rio, segundo o diretor da área médica.

? Armazenamos as amostras dos jogos durante dez anos. Qualquer atleta que está trapaceando deve ter muito medo. O avanço científico, com métodos mais sensíveis, permite a detecção e um consequente poder de dissuasão sobre o atleta. Uma mudança de cultura deve nos levar a atletas limpos ? afirmou Budgett.

O diretor do COI disse que também serão feitos testes genéticos, aprovados pela Wada. E os testes fora da competição somam mais de mil.

Budgett elogiou o funcionamento do LBCD, financiado com recursos do governo federal. Segundo ele, o laboratório vem entregando os resultados com rapidez. A expectativa por um resultado é de 24 horas.

? Depois do descredenciamento, houve um grande esforço do pessoal daqui para fazer uma revisão abrangente do que ocorreu no laboratório. Fizeram um trabalho excelente. São muitos testes para fazer num período muito curto. E estão entregando muito rapidamente.

Ainda conforme o diretor do COI, uma suposta insuficiência de testes antidoping junto a atletas brasileiros, sem cobertura entre todos os esportes, deve ser tratada entre a Wada e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), vinculada ao Ministério do Esporte.

? Esta não é uma responsabilidade do laboratório. Alguns atletas têm de ser testados uma vez por semana. outros não. É preciso usar seus recursos de forma inteligente. Não há uma forma, uma regra. Se alguém achar que existe uma nova droga, uma hora ela será detectada ? disse.

Até agora, três atletas que competiram no Rio foram pegos em doping. Um escândalo envolvendo delegações da Rússia, especialmente do atletismo, que acabou banida dos jogos, colocou em xeque o sistema de controle de dopagem na Olimpíada e, principalmente, de punição por parte do COI e das federações responsáveis.