Antes de a partida começar, era difícil imaginar que seria ele o herói, mas depois de concretizado o fato, ficou fácil perceber que não havia jogador melhor para protagonizar a classificação épica do Botafogo para a fase de grupos da Libertadores. Um paraguaio em seu país natal, enfrentando o maior rival da sua equipe de coração (o Cerro Porteño), vaiado por todo o estádio e barrado recentemente. Após defender três cobranças de pênaltis, o goleiro Gatito Fernández ganhou o status de principal personagem da classificação.
E assim foi tratado ao desembarcar ontem no início da manhã no Galeão, com o restante da delegação. Lá, ele próprio reconheceu que o jogo parecia feito para ele brilhar:
? Teve um sabor diferente por ter sido o Olimpia. Eu, pessoalmente, deixei o Olimpia de fora. Minha família inteira ficou muito feliz. Sabiam que eu tinha uma pressão grande devido ao adversário que estávamos enfrentando ? disse após desembarcar.
Mesmo na vitória, o goleiro estava ciente de que só ganhou a chance de brilhar devido à saída de Helton Leite, que havia começado como titular. E Gatito fez questão de elogiar o companheiro (e concorrente) de posição:
? O Helton estava fazendo um ótimo jogo, dando segurança à equipe. Fiquei triste por causa dele, que saiu machucado. Então dediquei a vitória também a ele. Falei que aqui nós estamos todos juntos, que isso é um time.
A união será necessária para a próxima fase. O Grupo 1 ? que também tem Atlético Nacional, da Colômbia; o Estudiantes, da Argentina; e o Barcelona de Guayaquil, do Equador ? é considerado o ?grupo da morte?. Mas o desempenho do Botafogo até aqui já fez com que a equipe seja vista como um rival à altura dos outros três.
A primeira partida será no dia 14, contra o Estudiantes, no Engenhão. O clube mescla a experiência de Verón e Desábato com a juventude de Lucas Rodríguez e Santiago Ascacíbar. É um time cascudo na competição: conseguiu quatro títulos em 14 participações, uma média excepcional.
RESPEITO NA COLÔMBIA E NO EQUADOR
Talvez o adversário mais difícil seja o Atlético Nacional, último campeão do continente. Mas o Botafogo também é visto com respeito.
? Entre Botafogo, Estudiantes e Barcelona, acreditamos que são equipes parelhas. Muitos colombianos assistiram ao jogo de quarta-feira pensando no Olimpia, mas sempre respeitamos o Botafogo, até pela tradição do futebol brasileiro. E também pelo que mostraram na pré-Libertadores ? afirmou o jornalista Juan David Londoño, que cobre o Atlético Nacional pelo blog ?Verdolaga?.
Ele disse também que a equipe colombiana ainda não alcançou o nível do ano passado, devido às perdas de jogadores, especialmente no ataque: deixaram a equipe Orlando Berrío, Miguel Borja e Marlos Moreno.
Entre os torcedores do Barcelona, no Equador, o clima também é de otimismo, ainda que nesta temporada o clube tenha deixado a desejar: não venceu ainda na liga nacional (foram dois empates e uma derrota até aqui) e vem jogando mal. Jerson Ruiz, do jornal equatoriano ?Extra?, aponta algumas fragilidades do time:
? É muito dependente do Damián Diaz, o camisa 10. E ele está mal: teve uma contusão na pré-temporada e agora está com dengue. Ficará mais ou menos uma semana de fora. Talvez leve um tempo para voltar. Nós pensamos que o Botafogo é um bom rival, mas o clube está otimista baseado na campanha do ano passado, em que fomos campeões nacionais. E conseguimos manter a maioria dos jogadores.