Aos 74 anos, Carlos Arthur Nuzman será eleito, hoje, para mais um mandato de quatro anos à frente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Em 2020, quando se despedir do cargo, terá ficado 25 anos consecutivos no comando da entidade ? em termos de comparação, Ricardo Teixeira esteve à frente da CBF durante 23 anos até renunciar ao cargo, em 2012, após denúncias de corrupção.
Sem concorrentes, ele deverá será reeleito por aclamação. O que não significa unanimidade. Seu principal rival, Alaor Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), irá à Justiça contra o pleito. Nuzman
? É antidemocrático e imoral precisar do apoio de dez federações esportivas, um terço do colégio eleitoral, para concorrer. Por isso, vamos pedir a anulação ? explica Marcelo Jucá, advogado da CBTM.
De acordo com o estatuto do COB, as chapas deveriam ter sido inscritas até o fim de abril. Como não conseguiu o apoio necessário para formalizar sua candidatura, Azevedo pediu um prazo maior à Justiça, concedido pelo desembargador Marcelo de Lima Buhatem. Logo após o fim da Olimpíada, porém, o mesmo desembargador voltou atrás e deu ganho de causa ao COB, negando uma nova data para registro da segunda chapa.
? Os presidentes das confederações poderiam ter algum prejuízo financeiro ou ainda não receber legado. Estávamos às vésperas da Olimpíada ? diz Alaor. ? O Nuzman é como um gerente de banco. Dá dinheiro a quem o apoia, e essa concorrência prejudica. Infelizmente, o poder ali é muito grande.
‘MINA NUCLEAR DE ENERGIA’
Em nota, o COB afirmou que o ?processo eleitoral é aprovado pela assembleia da entidade e respeita os princípios democráticos, permitindo a inscrição de mais de uma chapa?. E lembrou que apenas uma cumpriu as exigências.
Ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Nuzman assumiu o COB em 1995. Segundo Paulo Wanderley, presidente da Confederação Brasileira de Judô, seu vice, a chapa teve ?algo em torno de 30 adesões?. Trinta e quatro representantes têm direito a voto: 30 presidentes de confederações, três membros natos permanentes do COB e o presidente da comissão de atletas, Emanuel, do vôlei de praia.
Nos bastidores, comenta-se que, devido à Lei 13.155/2015, que limita mandatos de dirigentes esportivos a só uma reeleição, Nuzman (que não poderá mais concorrer depois deste pleito) pretende fazer de Paulo Wanderley seu sucessor.
? Quem sou eu para saber o que vai acontecer amanhã? Quanto mais em quatro anos. Fui convidado para ser o vice de Nuzman, aceitei e ponto ? despista Wanderley, ao negar qualquer fragilidade física do atual presidente do COB. ? Ele é uma mina nuclear de energia, e eu tenho de correr muito para acompanhá-lo.
Mesmo com tanto tempo no cargo, mais de duas décadas, Nuzman não conseguiu colocar o Brasil entre as potências olímpicas. No seu maior desafio, os Jogos do Rio, o Brasil conquistou 19 medalhas, terminando em 13º no quadro geral de medalhas ? a meta era o décimo lugar.