A nova temporada da Fórmula-1, que começa na madrugada de domingo, às 2h, na Austrália (a Rede Globo transmite), promete ser a mais desafiadora das últimas duas décadas, tanto para pilotos quanto para equipes, por causa das inúmeras mudanças. Ninguém terá desafio maior do que o finlandês Valtteri Bottas. Aos 27 anos, ele ganhou a chance da sua vida: contrato de um ano com a Mercedes para pilotar o cockpit mais desejado do momento no lugar do atual campeão, Nico Rosberg, que resolveu se aposentar em 2016.
Não bastasse isso, terá de enfrentar um companheiro de equipe tão conhecido pelo talento quanto pelas dificuldades de relacionamento até mesmo com os amigos da categoria. A escolha de Bottas, inclusive, levou em consideração a manutenção do equilíbrio da escuderia alemã, que teve de contornar muitos destemperos do tricampeão Lewis Hamilton nos últimos anos.
Além do perfil semelhante ? ambos de origem nórdica ?, Bottas e Rosberg (que corria pela Alemanha por causa da mãe, mas é filho do ex-campeão finlandês Keke Rosberg) têm personalidades parecidas. São pilotos que não buscam os holofotes, tiveram carreiras de sucesso nas categorias inferiores, mas nunca foram considerados extrassérie, como Hamilton.
Perfil fundamental para que Toto Wolff, chefe da Mercedes e, até então, gerente da carreira do finlandês, optasse por um piloto menos experiente. Pelo menos por um ano. Para 2018, nomes como Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Max Verstappen continuam em alta. Bottas não se intimida com o companheiro.
? Ele é uma grande referência para mim, e vai ser uma ótima oportunidade para mostrar o que eu posso fazer. Mentalmente estou preparado para isso, trabalhei muito nesse inverno ? disse Bottas, em entrevista ao Channel 4, da Inglaterra.
“CONHEÇO MEUS TALENTOS”
Com prazo tão curto, Bottas sabe que não poderá fazer apenas o trabalho de segundo piloto. Nem seria do seu perfil. Na companhia de corredores mais renomados, ele mostrou que não se sente pressionado. Nos três anos de Williams, ao lado de Felipe Massa, foi mais rápido que o brasileiro nos treinos classificatórios e nas corridas, cerca de 0,2 segundo. Ele se recusa a ser um tapa-buraco.
? Eu conheço meus talentos, eu sei que posso dirigir um carro muito bem. É a coisa que melhor faço na vida. Eu só preciso lembrar o tempo todo que a única coisa que importa é a minha performance na pista. Nada mais conta ? declarou.
A aposentadoria do campeão vigente não acontecia desde 1993, quando Alain Prost se retirou após a conquista do tetracampeonato na Williams. Ayrton Senna, como já havia sido anunciado, assumiu o lugar do francês. Cenário bem diferente, pois se tratava de dois campeões incontestes. Bottas ainda precisa provar muito mais. Afinal, em sua quarta temporada na F-1 e 77 corridas depois, o primeiro passo é conquistar a primeira vitória na carreira.