Os drones conquistaram seu espaço dentro da indústria moderna ao demonstrarem sua capacidade de oferecer soluções pontuais e extremamente efetivas para os problemas enfrentados por organizações em todos os setores da economia.
Tais aparelhos, que variam em design, funcionalidade e valor, podem atuar em condições extremas, explorando com tranquilidade áreas tidas como inacessíveis até mesmo para os profissionais mais qualificados. Essa eficiência comprovada está aquecendo o mercado de equipamentos especializados, além de criar novas oportunidades para aqueles que apostam em tecnologia de ponta.
Um estudo recente, divulgado pela agência de pesquisa norte-americana Markets and Markets, aponta que, em 2020, o mercado de drones movidos por rotores deve movimentar 5,9 bilhões de dólares. A previsão de crescimento é de 32,22% por ano, entre 2015 e 2020. De acordo com o relatório, os números são relativos aos dispositivos fabricados para o uso comercial, com destaque para as áreas de entretenimento, inspeção estrutural e de recursos, vigilância e agricultura de precisão.
Cada vez mais, as indústrias necessitam de recursos para fiscalizar, acompanhar e dar manutenção às suas instalações. Nesse sentido, o drone se tornou um grande aliado das empresas. Um grande número de pequenos empresários está entrando nesse mercado, pois o custo do equipamento diminuiu conta Emanuel Mastroddi, membro da Associação Brasileira Drones (ABD).
Corrida de Drones
O aquecimento do mercado e a exposição dos produtos levou diversos fabricantes e entusiastas a promoverem corridas de drones, criando ligas como a Drone Racing League, dos Estados Unidos, e a Drone Racing Brasil. Esse ano, a GE promoveu a segunda temporada da Drone Week, programa de entretenimento com transmissões realizadas ao vivo.
Na ocasião, os espectadores tiveram uma visão exclusiva dos bastidores das soluções que vão fazer parte dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Segundo Pedro Alves, gerente de Publicidade e Comunicação Digital da GE para a América Latina, o uso crescente dos drones comerciais pela empresa em inspeções de campo de máquinas offshore e verificações de segurança de turbinas eólicas faz com que a GE também esteja bem posicionada para estimular a inovação de drones em conteúdo e programação. Além de divulgação, essas iniciativas têm como objetivo o aperfeiçoamento de diversas tecnologias, como estabilidade, controle de precisão e componentes audiovisuais. Algo parecido com o que a Fórmula 1 faz para o desenvolvimento de carros, pneus e combustíveis.
Onde os drones realmente fazem a diferença
Originalmente, os drones ganharam fama como dispositivos de guerra e, de forma antagônica, como brinquedos. Mas a verdade é que eles vão muito além disso. São dispositivos versáteis que podem ser aplicados a diversos propósitos, incluindo causas mais nobres, como resgate de pessoas.
Logística: grandes companhias de varejo como Walmart e Amazon (com seu Prime Air Service) estão trabalhando em programas de entregas realizados por drones. A intenção é que, em um futuro próximo, compras de pequeno e médio porte sejam entregues 30 minutos após a confirmação do pagamento. Por enquanto, as iniciativas estão restritas aos Estados Unidos e poucos países da Europa.
Agricultura de precisão: a Markets and Markets estima que o setor de agricultura será responsável por 48% de todos os drones comerciais vendidos em 2016. Os dispositivos são utilizados para checar a saúde de plantas em campos mais extensos, na identificação de pragas (ervas nocivas, fungos e insetos), no monitoramento dos equipamentos de irrigação, no monitoramento de gado e até mesmo avaliação e análise de solo.
Arqueologia: os mapeamentos ganharam em qualidade e performance, tornado possível o registro de imagens de precisão, a geração de modelos tridimensionais do terreno ou mesmo a identificação de estruturas soterradas ou mascaradas pela vegetação a partir de espectros distintos, bem como a realização de levantamentos a custos extremamente competitivos.
Da mesma forma, esses intrépidos voadores vêm contribuindo para a gestão e preservação do patrimônio arqueológico ao redor do mundo, atuando como verdadeiros fiscais alados, flagrando irregularidades, pilhagens e antevendo danos a sítios arqueológicos conta Paulo Zanettini, Doutor em Arqueologia e sócio diretor da Zanettini Arqueologia. Ele conta ainda que o arqueólogo Luis Jaime Castillo Butters, vice-ministro do Patrimônio Cultural do Peru, hoje à frente de uma verdadeira esquadrilha aérea em favor da preservação, não hesitou em tratar os drones como um marco divisório na história da Arqueologia durante conferência realizada em São Francisco.
Manutenção estrutural: companhias como GE, Petrobrás e Shell utilizam drones para auxiliar no monitoramento de turbinas eólicas, plataformas, navios de carga e tanques de armazenamento de combustível. Modelos especiais são utilizados na checagem de dutos submarinos de difícil acesso, pois são desenvolvidos para resistir à pressão extrema no fundo do mar. Isso permite que seus operadores, a salvo na superfície, possam observar as estruturas com mais calma e até realizar reparos de forma remota.
Monitoramento: mais baratos e eficientes que os helicópteros, os drones são capazes de monitorar vias durante horários de pico no trânsito. No Reino Unido, eles são utilizados para analisar as condições de ferrovias e identificar o posicionamento de profissionais de trânsito durante a ocorrência de crises. Empresas de segurança privada utilizam quadricópteros para vigilância de prédios comerciais e até mesmo residências de seus clientes.
Emergência e ajuda humanitária: o uso de drones durante operações de resgate tem se tornado comum nos Estados Unidos e Europa. Com materiais mais resistentes em sua composição, esses dispositivos são utilizados durante desabamentos, incêndios e enchentes. Modelos menores são capazes de encontrar vítimas em escombros, enquanto os maiores podem levar mantimentos com mais agilidade a uma área atingida por um desastre natural.
O que é necessário para operar um drone?
A operação profissional dos dispositivos comerciais não é tão simples quanto a dos brinquedos facilmente encontrados nas lojas. De acordo com Mastroddi, além do registro do equipamento, existe uma regulamentação específica criada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para pilotar os chamados Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAs, em inglês).
Eles visam o interesse público, que contempla não só a necessidade das empresas do setor, mas também as preocupações da sociedade como um todo afirma.
Os drones capazes de atingir alturas superiores a 120 metros, por exemplo, só podem decolar com autorização, que dever ser solicitada pelo Departamento de Controle Aéreo (Decea) com pelo menos dois dias de antecedência. Os modelos de até dois quilos devem voar a uma velocidade máxima de 55 Km/h por hora, enquanto que os modelos com peso entre dois e 25 quilos têm essa velocidade fixada em 110 Km/h. As aeronaves devem manter uma distância de 5,5 Km de aeroportos e os pilotos também são proibidos de pilotar à noite ou fazer acrobacias.
Vale lembrar também que o Decea proibiu o voo sobre áreas povoadas e aglomerados de pessoas conclui o piloto.