Dependendo do referencial, o Flamengo pode ser considerado o melhor e o pior visitante do Campeonato Brasileiro. Pior, no caso, para os times que recebem a equipe rubro-negra: são 13 pontos conquistados fora de seus domínios, melhor desempenho na Série A até aqui. A liderança nesta classificação alternativa veio com a vitória por 2 a 0 sobre o Coritiba, neste domingo, no Couto Pereira, pela 17ª rodada. Na tabela convencional, o resultado deixa o Flamengo no retrovisor do G-4, em quinto, com 30 pontos.
TABELA: Confira os jogos e a classificação da Série A
Mesmo sem uma atuação brilhante, os cariocas pouco têm do que reclamar. Guerrero e Marcelo Cirino foram cirúrgicos para aproveitar as únicas chances claras de gol que tiveram, uma no início e outra no fim do segundo tempo. O peruano, inclusive, deixou sua marca pela terceira partida seguida ? também havia balançado a rede contra Botafogo e América-MG, nas duas últimas rodadas. Guerrero só havia conseguido tal feito uma vez no Flamengo, nos três primeiros jogos com a camisa rubro-negra, em julho de 2015, contra Internacional, Náutico e Grêmio.
? A técnica do Guerrero é incontestável. Sabemos que, se ele se sentir bem no grupo, teremos seu melhor. Isso está acontecendo ? celebrou o técnico Zé Ricardo.
Um ano depois de sua chegada, as ausências sucessivas do peruano, seja por lesões, convocações para a seleção ou cartões amarelos ? como o recebido contra o Coritiba, por reclamação, que deixa o atacante pendurado ? fizeram o Flamengo buscar opções. Leandro Damião, contratado há duas semanas, brigaria pela posição no atual esquema tático de Zé Ricardo, que prioriza jogadores abertos na ponta e apenas um homem centralizado. A sequência de gols de Guerrero, portanto, é duplamente importante: aumenta a confiança não só do clube e da torcida em geral, mas também do próprio Guerrero em si mesmo.
Se o assunto é confiança, igualmente crucial é o gol de Marcelo Cirino, que não balançava as redes desde abril, quando marcou duas vezes pela Copa do Brasil. O adversário na ocasião, curiosamente, era Confiança ? não o sentimento, é claro, e sim o time sergipano.
JOGO DE DOIS TEMPOS
No primeiro tempo, a impressão é que faltava espaço no gramado do Couto Pereira. Embora distribuísse seus jogadores com amplitude no ataque, tendo Alan Patrick na direita, Mancuello no meio e Everton pela esquerda, mais o apoio constante de Willian Arão e de Pará, o Flamengo abusava dos lançamentos para enfrentar as linhas de quatro do Coritiba. Com apenas 36% de posse de bola em sua própria casa, foi o Coritiba quem teve a melhor chance, em tabela de Kleber e Carlinhos, que chutou rente à trave.
Depois do intervalo, contudo, o jogo mudou. Com apenas seis minutos, Mancuello achou o espaço e o tempo de bola que pareciam escapar no primeiro tempo. O argentino deu lançamento milimétrico para Guerrero, que invadiu a área e disparou um chute seco, entre o goleiro Wilson e a trave, para abrir o placar.
À exceção do jogo físico de Kleber Gladiador, que incomodava a marcação com suas trombadas, a equipe paraense confiava quase exclusivamente nos cruzamentos, sempre afastados pela zaga rubro-negra. O bom posicionamento da defesa seguiu até depois de Juan pedir substituição, com dores musculares, e dar lugar a Donatti, aos 11 minutos.
Em sua estreia pelo Flamengo, o argentino aparentou não estar ainda na sua melhor forma, mas deu conta do recado. No fim, o Flamengo ainda conseguiu ampliar com Marcelo Cirino, que havia substituído Mancuello. O atacante foi lançado na área pelo volante Cuéllar aos 43 minutos, esperou a saída do goleiro Wilson e tocou com sutileza para fechar a vitória.
A saga de visitante indigesto do Flamengo continua na próxima rodada do Brasileiro, quarta-feira, contra o Santos, na Arena Pantanal, às 21h45m.