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Fla viaja para São Paulo nos braços da torcida... organizada

Os mais otimistas podem até dizer que foi nos braços do povo, mas foi nos braços de poucos líderes de torcidas organizadas que os jogadores do Flamengo, muitos deles visivelmente desconfortáveis, embarcaram na tarde desta terça-feira para São Paulo, onde, amanhã, o time enfrenta o Palmeiras em busca da liderança do Brasileiro. Tirando os poucos felizardos que, junto com homens do 5º Batalhão da Polícia Militar (Gamboa), organizaram um cordão de isolamento, a maior parte dos cerca de 4 mil torcedores que passou pelo Aeroporto Santos Dumont pouco viu o elenco. Ainda assim, eles estavam eufóricos com a inusitada festa iniciada às 10h da manhã e que teve como ponto alto a chegada do ônibus rubro-negro às 14h55.

? Ó o cheirinho! Ó o cheirinho! Ó cheirinho gostoso ? gritavam, antes da chegada dos jogadores, lembrando um divertido baile funk.

Antes da chegada da torcida, os torcedores gritaram o nome de Andrade, ex-jogador e ex-treinador do clube. Candidato a vereador pelo PMDB do Rio, o técnico do título de 2009 fez campanha no local, com direito a distribuição de panfletos, muitos deles ficaram espalhados pelo chão do aeroporto após a festa ser encerrada.

Quando chegou, vindo do Ninho do Urubu, o ônibus do Flamengo estacionou num dos pontos extremos do aeroporto, a área de desembarque, que foi transformada em ponto de embarque exclusivo da delegação. Os primeiros a fazerem o trecho de cerca de 20 metros entre o veículo e a porta de acesso à sala de embarque foram Mozer, gerente de futebol, e Jayme de Almeida, assistente técnico. O treinador Zé Ricardo tropeçou, mas evitou a queda e conseguiu avançar sem muitos problemas. Naquele momento, o cordão de isolamento já havia sido rompido por cerca de 20 torcedores, os mesmos que o organizaram junto com a PM.

Mesmo com mais de 80 homens da PM, boa parte deles da tropa de choque, a situação estava fora do controle no aeroporto ? local em que a preocupação de segurança é geralmente elevada. Depois da passagem dos membros da comissão técnica, os jogadores foram obrigados a passar por um corredor polonês entre membros de torcidas organizadas. Apesar da situação tensa, alguns atletas parecem ter levado bem o momento, como o goleiro Alex Muralha e o lateral-direito Pará. Um dos mais assediados, o meia Diego sorriu.

Outros jogadores pareciam assustados, especialmente o atacante Guerrero. Muito festejado, o peruano se encolheu nos braços de um segurança do clube. O centroavante parecia sem reação enquanto era levado ao portão de embarque. Outro que ficou muito assustado era Marcelo Cirino, jogador contestado pela torcida que, no aeroporto, no entanto, não parece ter recebido queixas.

Após a passagem, policiais, passageiros e funcionários que trabalham no aeroporto ainda pareciam tentar entender o que havia acontecido quando o líder de uma das torcidas organizadas virou para seus comandados e gritou:

? Vambora! Vambora! Acabou o milho, acabou a pipoca.