Esqueçam os nomes e sobrenomes que contaminaram o futebol brasileiro profissional. No Jardim Bangu, difícil é achar um jogador que não tenha apelido: no gol tem o Jacaré (que não tem braço curto); Empada e Patraca fazem as laterais; e o trio de meias é composto por Chupetão, Cheiroso e Alface.
Neste sábado, em Moça Bonita, eles fazem a final do Taça das Favelas, contra o Vila Aliança. O jogo é logo depois da decisão feminina, entre Complexo da Coreia e Corte Oito, às 9h. Ambas as partidas serão transmitidas pelo Sportv e pela TV Brasil.
Dirigido pelo treinador Juneca, o time está invicto no torneio e chega com leve favoritismo para esta final contra o rival do mesmo bairro, o Vila Aliança. Ontem, no último treinamento antes da final, o Juneca não deu sossego para seus comandados. Marcou o treino para as 11h, debaixo de um sol a pino, e gritou exaustivamente a cada lance no Campo do Cabo Chico, que tem um gramado com grandes elevações e buracos de terra.
? Não temos muito recurso e fazemos tudo no amor, para dar uma chance a esses meninos e melhorar a vida aqui da comunidade. Somos nós mesmos que tomamos conta desse campo ? diz Zeca, uma espécie de dirigente do Jardim Bangu.
O grande trunfo do time é a organização tática trazida por Juneca, que trabalhou como auxiliar técnico em alguns times de pequena expressão no Rio e na Bahia.
? A Taça das Favelas é diferente do profissional. Todos os garotos querem resolver. É comum ver zagueiro indo para o ataque e não voltando… Com os meus jogadores, eu consigo ter um padrão tático, e isso está fazendo a diferença ? diz Juneca.
O Jardim Bangu joga no 4-2-3-1. Mas quando está com a posse de bola, o esquema passa para o 4-1-5.
? Temos tudo para sermos campeões ? disse Ighor Thompson, o Chupetão, de 17 anos, que é o destaque do time.
O Vila Aliança também é arrumado, mas chegou à final com campanha que teve W.O. e enfrentando um time que tinha apenas seis jogadores. O elenco é mais rodado que o do Jardim Bangu, conta com nomes que já passaram ou jogam na base de times grandes.
? Sou numa espécie mistura de Guardiola com Felipão ? resume Franklin, treinador do Vila Aliança.
Com poucos apelidos no elenco, o time joga no 4-1-2-3.