Engenhão sai na frente, com jogo dois dias antes da abertura oficial dos Jogos no Maracanã

RIO ? O pacato bairro do Engenho de Dentro, na Zona Norte, vai ter sua rotina modificada pela Olimpíada a partir de amanhã ? dois dias antes do abertura oficial da competição. De 3 a 20 de agosto, penúltima data dos Jogos, o Estádio Olímpico vai atrair milhares de torcedores e atletas para a região. Futebol início

A arena, que teve sua capacidade ampliada de 50 mil para 65 mil lugares, será palco de oito partidas de futebol (incluindo dois jogos da seleção brasileira feminina, contra a China no dia 3 e a Suécia no dia 6) e de quase todas as competições do atletismo (com exceção da marcha atlética e da maratona). Em consequência desse movimento olímpico, todo o entorno do Engenhão terá alterações no trânsito.

Desde o dia 23 de julho, algumas ruas do bairro já estavam com a mão invertida, dando início ao esquema de tráfego que vai vigorar durante os Jogos. E, a partir de hoje, o estacionamento na região do estádio está proibido. A CET-Rio informou que veículos que estiverem estacionados, sem autorização, nas ruas interditadas estarão sujeitos a multa e reboque.

Durante os dias de competição ? 3 e 4, 6 e 7, 12 a 20 de agosto ?, o trânsito só será permitido para veículos oficiais e de moradores (que fizeram um cadastramento prévio, encerrado em 1º de julho). Com todas essas interdições, o trem acaba sendo a melhor alternativa de transporte: a estação de Engenho de Dentro fica ao lado do Estádio Olímpico.

BAIRRO DE CARA NOVA

Moradores dizem que os benefícios que o bairro recebeu compensam o transtorno. Desde 2014, a prefeitura investiu R$ 115,7 milhões em 34 vias da região, com obras de melhorias de ruas, calçadas e iluminação. Acompanhando as mudanças, empreendimentos imobiliários surgem na paisagem ? como o Stadio Residencial, prédio de alto padrão em construção ao lado do Engenhão.

? Moro aqui há 27 anos e posso dizer: estava abandonado, foi tudo refeito. Serão alguns dias de interdição, claro, mas pouco perto dos benefícios que o Engenho de Dentro recebeu ? diz Ruy da Silva, taxista de 47 anos, durante sua caminhada diária ao redor do Engenhão. ? Às vezes, pego passageiros que reclamam das dificuldades de circulação que a Olimpíada está impondo ao bairro… Faço que não ouço, não vale a pena discutir.

Vizinha do Engenhão, Vilani Camelo de Sousa, moradora da Rua dos Oficinas, lamenta que o bloqueio das ruas tenha diminuído o movimento no ateliê de costura que ela tem em sua residência. Por outro lado, nos dias de competição, pretende tirar os dois carros da garagem e transformá-la em bar:

? Tenho alvará para funcionamento em dias de jogos normais de futebol. Vamos ver se a prefeitura me libera na Olimpíada, para eu poder compensar o prejuízo.