Cabelo desgrenhado, barba por fazer e jeitão de quem não está ligando para nada, o temperamental Milos Teodosic quer provar que não precisa estar na NBA para vencer no basquete. Dos 46 jogadores da liga americana nos Jogos Olímpicos, apenas um é da Sérvia, o pivô Nikola Jokic, mas é o armador Teodosic, de 1,96m, o candidato a antiherói para quem pagou para ver um show dos grandalhões americanos na Arena Carioca 1. O jogo, às 15h45m, é uma reedição da final do Mundial de 2014, quando os americanos ganharam por 129 a 92. Na fase de grupos no Rio, os sérvios perderam por três pontos e desperdiçaram um arremesso para empatar no último lance.
basquete 21-08A ausência da NBA não quer dizer que Teodosic esteja rasgando dinheiro por aí. Estima-se que, no CSKA Moscou, atual campeão europeu, o jogador de 29 anos receba anualmente dos russos um salário de R$ 8 milhões. Para ir aos Estados Unidos, o jogador provavelmente perderia protagonismo na equipe e talvez até dinheiro. Não que ele menospreze a liga, como falou quando perguntado no Rio sobre a vontade de jogador nos Estados Unidos.
? Não é uma decisão minha ? disse, antes de ser novamente perguntado se gostaria de estar na NBA. ? Há muito tempo.
Teodosic tem uma personalidade explosiva. Não são raras as discussões com adversários e árbitros. Em 2010, ele foi suspenso por duas partidas pela Fiba após ser o pivô de uma briga num amistoso contra a Grécia que terminou em briga generalizada. Longe do fair play da liga americana, o jogador é puxado ao limite pelos rivais na Europa e já foi alvo de cusparadas em partidas na Grécia.
Mesmo em seu país, há quem torça o nariz para o armador. Sua carreira em clubes explica isso. Só em maio passado, ele venceu uma longa batalha pelo título mais desejado na Europa, a Euroleague, espécie de Liga dos Campeões do basquete. Antes, tinha batido na trave com o grego Olympiacos, quando perdeu a final em 2010. Dois anos depois, já pelo CSKA, foi derrotado mais uma vez na decisão, e justamente para o antigo time. Teve na sequência três quedas na semifinal antes de, finalmente, ser campeão.
Antes mesmo de ser uma estrela olímpica, Teodosic já está no radar do basquete mundial há tempos. Representando Sérvia e Montenegro, ele liderou a seleção nos títulos dos europeus Sub-16, em 2003, Sub-18, em 2005, e, já como Sérvia, no Sub-20, em 2007. Mesmo sem ter jamais jogando profissionalmente nos Estados Unidos, ele tem em Mike Krzyzewski, o Coach K ? treinador americano (de origem polonesa) que hoje dirigirá pela última vez a seleção ? um admirador.
? Eu o amo ? disse Coach K, que completou. ? Como jogador e armador, ele é o que tem de melhor na Europa.
MAIS UM OURO PARA MULHERES DOS EUA
Neste sábado, a seleção feminina de basquete dos EUA não deu chances para a Espanha e venceu a final por 101 a 72. Foi o sexto ouro seguido do time, que tem supremacia maior do que a dos homens. As armadoras Diana Taurasi e Lindsay Whalen foram os destaques, com 17 pontos cada. A cestinha do jogo foi a ala espanhola Alba Torrens, com 18. O bronze ficou com a Sérvia, que venceu a França por 70 a 63.