A ficha ainda não caiu para Tite. Cinco meses depois de assumir um time em crise e que corria o risco de ficar de fora da primeira Copa do Mundo de sua história, o técnico mudou o ambiente e o jeito de jogar da seleção brasileira e agora vê a sua equipe com a mão em uma das vagas na Rússia-2018. A vitória sobre o Peru por 2 a 0, em Lima, trouxe uma liderança ainda mais isolada para o Brasil nas eliminatórias e um recorde só estabelecido pela lendária seleção de 1970: seis vitórias seguidas.
TABELA: Jogos e classificação das eliminatórias na América do Sul
Com 27 pontos, o Brasil pode se garantir no Mundial já na próxima rodada, em março, quando enfrentará o Uruguai, em Montevidéu, e o Paraguai, em casa. A fase da seleção é tão boa, que o técnico queria que a Copa começasse já no fim de semana.
– Sim. Que ruim. Queria dar sequência. É aquele reinventar que existe na carreira do técnico. O cara quer dar continuidade e sai do clube, o trabalho é interrompido. Tenho que me virar nessa história toda – disse o técnico, elogiando o desempenho da seleção peruana e afirmando que não esperava ter sucesso tão rápido.
– Não caiu ainda, acho que vai cair a ficha na sequência. Todo um trabalho realizado, uma mobilização muito grande. Uma das características que o Gareca (Ricardo, técnico do Peru), eu e todos os treinadores precisamos ter é a coragem. Porque somos muito expostos. Quando ganha, é o melhor. Quando perde, é burro. É preciso encontrar um meio termo. O técnico e o grupo de trabalho precisam dividir todas as situações. Não esperava tudo isso e tenho que agradecer a Deus. Não sei se mereço isso, mas estou muito feliz.
Tite disse ainda que gostou do nível de concentração ?altíssimo? da seleção depois de uma vitória sobre a Argentina por 3 a 0.
– Podíamos sair do resultado de 3 a 0 sobre a Argentina, um rival de alto nível, e humanamente abaixarmos a guarda. O que fizemos? Respeitamos a qualidade do Peru. Sabíamos do Cueva, do Guerrero, da velocidade pelos lados, do chute de média distância. Aprendemos enquanto humanos a respeitar o outro lado. Se não tiver isso, fica a soberba. E a soberba é o primeiro passo para a derrota. Com esse respeito, mantivemos o nível de atuação.
Agora, a seleção ficará mais de três meses sem jogar. Neste período, Tite e o coordenador Edu Gaspar fará uma série de viagens para observar atletas.
– Já está programado com o Edu, que em breve estará restabelecido de seu problema (ficou doente e não viajou a Lima). Temos programadas uma série de viagens para acompanhar atletas convocados e outros que foram chamados em convocações anteriores. Quero ver um jogo do Elias, do Luiz Gustavo. E de todos os outros para que eu possa ser o mais justo possível. Vou errar, mas vou trabalhar mesmo não tendo jogos da seleção.