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Cem dias após tragédia, Chapecoense ressurge com garra na Libertadores

A vitória da Chapecoense por 2 a 1 sobre o Zulia na noite de terça-feira não foi, é claro, uma vitória qualquer. E não só por jogar água no chope da estreia do time venezuelano em competições internacionais. Qualquer efeméride ficou em plano secundário diante do ciclo que se completava para o time catarinense: 100 dias após a tragédia que vitimou boa parte de seu elenco, a Chape ressurgiu com garra e muita emoção em sua primeira partida de Libertadores na História.

Libertadores – 08.03

Era um time completamente novo em relação ao que foi finalista da Copa Sul-Americana em 2016. Mas as semelhanças não ficavam somente no uniforme: os jogadores escalados nesta terça-feira por Vágner Mancini, muitos contratados em tempo exíguo, outros emprestados por clubes brasileiros para auxiliarem na reconstrução da Chape, levavam a mesma determinação a grandes feitos que pautava o time de Caio Junior, uma das 71 vítimas na queda do voo da LaMia em Medellín.

Mancini e sua reconstruída Chape ainda buscam o equilíbrio após a reconstrução. O time já alternou vitórias sobre rivais no futebol catarinense, como Joinville e Criciúma, com uma sequência de cinco jogos sem vitória. A estreia na Libertadores, sob o ponto de vista esportivo, era um marco: podia tanto ser uma demonstração de força quanto uma prova de que o time ainda precisa de tempo para se ajustar.

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A partida na Venezuela contra o Zulia também representava, simbolicamente, um capítulo na nova história da Chape. Quis o destino — e o calendário da Libertadores, é claro — que o jogo fosse marcado exatos 99 dias depois da queda do avião em Medellín, ocorrida em uma noite de 28 de novembro na Colômbia (madrugada do dia 29 no Brasil). O centésimo dia após a tragédia, esta quarta-feira, começou com a alegria do abraço dos jogadores e da comissão técnica após a vitória em Maracaibo.

NOVA FORMAÇÃO DÁ RESULTADO

A Chape testou uma formação diferente da que vinha atuando neste início de temporada. Mancini abriu mão de ter dois meias ofensivos para escalar três volantes na Venezuela: Moisés Ribeiro, Andrei Girotto e Luiz Antônio, este último autor do que seria o gol da vitória. Na frente, Arthur Caike, Niltinho e Wellington Paulista davam trabalho à defesa do Zulia, novato em torneios internacionais.

A nova Chapecoense aposta bastante nos avanços de seus laterais, ambos emprestados por clubes paulistas: João Pedro, que pertence ao Palmeiras, e Reinaldo, cedido pelo São Paulo. Foi o canhoto Reinaldo que cobrou, quase sem ângulo, a falta que deu origem ao primeiro gol, aos 33 minutos do primeiro tempo — o zagueiro venezuelano Henry Plazas se enrolou com o goleiro Vega e acabou permitindo que a bola entrasse.

Já o destro João Pedro, principal arma ofensiva da Chapecoense no primeiro tempo, foi se destacar mesmo depois do intervalo, quando o Zulia ensaiava pressão. O lateral-direito subiu ao ataque e descolou um passe precioso para Luiz Antônio, livre na entrada da área, chutar de primeira no cantinho de Vega e fazer 2 a 0.

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O Zulia diminuiu em uma jogada aérea a dez minutos do fim: o sistema defensivo da Chapecoense deu bobeira pela primeira vez e Arango apareceu livre para empurrar de cabeça para a rede. Os venezuelanos tiveram boa chance de empatar pouco depois com o mesmo Arango, que chutou muito forte de longe e obrigou o goleiro Artur Moraes a defender no reflexo.

Embora os venezuelanos tenham crescido no fim, a Chape não se limitou a defender. Quando seu time começou a cansar, Mancini lançou os velozes Osman e Apodi nos lugares de Arthur e Niltinho, e o time catarinense aproveitou os espaços deixados pelo Zulia para ser perigoso no contra-ataque.

Já na casa dos 40 minutos, Apodi ajeitou de cabeça para Wellington Paulista, livre na área, chutar fraco e perder grande chance. Luiz Antônio, lançado por Reinaldo em um arremesso lateral, tirou tinta da trave de Vega nos acréscimos. No fim, o placar em 2 a 1 não traduziu o volume ofensivo da Chapecoense, tampouco as dimensões gigantes do resultado na estreia da Libertadores. Mas, se o problema é transmitir grandeza, as imagens do abraço dos jogadores e da comissão técnica dão conta do recado.

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