RIO Ouvir o hino de seu país durante os Jogos Olímpicos é uma das maiores glórias na vida dos atletas e do fãs. Nas competições esportivas é comum que a música seja encurtada, mas as adaptações estão causando estranheza no público. O do Brasil, por exemplo, foi “cortado” e “colado” no fim. Já o dos Estados Unidos, surge em uma versão mais melancólica, segundo os americanos.
De acordo com relatos de americanos nas redes sociais, o hino tocado hoje na Olimpíada do Rio é derrotista. O aspecto mais melancólico é conferido pela mudança de notas
“Ele está me enlouquecendo, por isso coloco no mudo. É derrotista. Mas é uma questão de tom diferente na hora de tocar o hino”, disse o maestro e pianista Jason DeBord, de 45 anos, ao “The New York Times”.
“…Brasil, um sonho intenso, um raio vívido…”
Ao Jornal Nacional, a Orquestra Sinfônica Brasileira explicou o que está causando a confusão na hora de cantar o hino, escrito por Joaquim Osório Duque-Estrada e musicado por Francisco Manuel da Silva, em 1822.
“A gente ouve a introdução, os 15 compassos iniciais da música, e depois você tem duas sessões: sessão A e a sessão B. Basicamente o que a gente tem é o início da sessão A com um corte no meio indo direto para a segunda parte da sessão B. Então dá aquela sensação de que você quer continuar cantando e não consegue porque na verdade você já entrou no final da segunda sessão do hino, explicou Pablo Castelar, da Orquestra.
A questão provoca mais controvérsias se analisada com aplicação legal.
“O que está acontecendo na Olimpíada com a execução do hino parcialmente é uma desobediência à lei e à própria Constituição Federal, que confere ao Hino Nacional qualidade de símbolo nacional, afirmou o jurista Manoel Peixinho, professor de Direito da PUC/RJ, ao JN.
“Essa lei de 1971 traz regras bastante especificas, no entanto esse tipo de determinação não é compatível com a proteção de liberdade de expressão que está garantida na nossa Constituição de 1988, disse Ivar Hartmann, professor de Direito da FGV/RJ.
O Comitê Olímpico Brasileiro informou que a versão do hino executada nas arenas respeita o limite de tempo, permite que o público cante a parte final e evita que o hino seja executado pela metade.
Polêmicas
Não é a primeira vez que os hinos nacionais se transformam em pivôs de polêmicas. Em 2014, durante a Copa do Mundo do Brasil, o hino de Honduras não foi tocado antes de sua estreia contra a França, no Estádio Beira-Rio. À época, a FIFA pediu desculpas ao país. Também durante o evento, cenas dos brasileiros cantando no hino brasileira na íntegra mesmo após o término da canção no tempo determinado pela federação encantaram o mundo.
Durante um amistoso, no Brasil, a seleção de basquete da Romênia teve uma surpresa desagradável: a Confederação Brasileira de Basquete confundiu o hino romeno com o da Armênia (os dois países têm as mesmas cores na bandeira) e cometeu uma gafe na cerimônia de abertura da partida.