Brasília – O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto), recuou 0,13% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, informou o Banco Central nessa segunda-feira (12). Em relação ao mesmo segundo trimestre de 2018, houve alta de 0,85%.
O resultado indica a possibilidade de recessão técnica da economia brasileira, isso porque o PIB no primeiro trimestre ficou negativo (-0,12%) e, tecnicamente, dois trimestres seguidos de queda na atividade econômica configuram recessão técnica.
Em junho, o IBC-BR teve alta de 0,30%, na série com ajuste sazonal, depois de avançar 1,10% em maio (dado revisado). Foi a segunda elevação registrada no governo de Jair Bolsonaro.
Na comparação entre os meses de junho de 2019 e junho de 2018, houve queda de 1,75% na série sem ajustes sazonais. O resultado foi de alta de 0,62% na série sem ajustes sazonais no acumulado do primeiro semestre e de 1,08% nos 12 meses encerrados em junho.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. No entanto, o indicador oficial sobre o desempenho da economia é o PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
No mês passado, o governo revisou a previsão de crescimento do PIB deste ano de 1,6% para 0,8%.
Mercado prevê Selic a 5%
O mercado financeiro continua reduzindo a projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ao fim deste ano. Segundo o boletim Focus, pesquisa divulgada todas as semanas pelo BC (Banco Central), a previsão é de que a taxa Selic encerre 2019 em 5% ao ano. Na semana passada, a expectativa tinha caído de 5,5% ao ano para 5,25% ao ano.
As revisões das expectativas ocorreram após o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual para 6% ao ano, no dia 31 de julho.
Para o fim de 2020, a previsão continua em 5,5% ao ano. Também não houve alteração na expectativa para o final de 2021 e 2022: 7% ao ano.
“Tenham um pouco de paciência”, diz Guedes sobre recuperação econômica
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ontem (12) políticas de liberalização econômica e pediu paciência para que as reformas comecem a mostrar resultado na recuperação do País. “Dê um ano ou dois, dê um governo, dê uma chance de um governo de quatro anos para a liberal-democracia. Não trabalhem contra o Brasil, tenham um pouco de paciência”, disse Guedes durante seminário sobre a Medida Provisória da Liberdade Econômica (MP 811/2019) no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília.
Em sua fala, Guedes fez uma longa defesa de políticas liberais contra o “atraso cognitivo” que, segundo ele, nos últimos 30 anos de social-democracia, levou o Brasil de uma economia dinâmica à estagnação. “Espera quatro anos, vamos ver se melhora um pouco, nos deem chance de trabalhar também”, afirmou.
A MP 811
O ministro defendeu três pontos que julga cruciais na MP de Liberdade Econômica: a redução da burocracia para quem deseja empreender, a limitação de “abusos do Estado” em sua intervenção do ambiente econômico e a garantia da segurança jurídica de contratos.
A MP 811 deve ser votada nesta terça-feira (13) no plenário da Câmara. O relator da matéria, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), o texto continua aberto e novos pontos podem voltar e sair: “Estamos ajustando ainda aquilo que possa ficar mais perto de gerar menos polêmica para a aprovação em plenário”, disse Goergen.
Após receber 301 emendas, das quais 126 foram acolhidas integral ou parcialmente pelo relator, a MP 811 foi aprovada em 11 de julho na comissão mista do Congresso formada para apreciá-la. A medida provisória perde a validade no dia 10 de setembro, caso não seja votada no plenário de Câmara e Senado até essa data.
A MP trata de diversos assuntos, entre eles estabelece garantias para o livre mercado, prevê imunidade burocrática para startups e extingue o Fundo Soberano do Brasil. A medida provisória prevê ainda a regulamentação do trabalho em domingos e feriados, entre outras alterações trabalhistas, como a adoção da carteira de trabalho digital.