Economia

No vermelho: cresce 190% o número de pessoas “negativados” em junho

Comércio eletrônico,Cartão de Crédito
Comércio eletrônico,Cartão de Crédito

Em uma realidade em que o consumo é cada vez facilitado, com compras na palma da mão com os celulares, com as vitrines online e tradicionais de “encher os olhos”, o consumidor precisa ser bastante disciplinado para não perder o controle e acabar gastando mais do que pode pagar. Aliado a isso, com a pandemia o custo de vida aumentou – e muito – no último ano, com as constantes altas de itens básicos como o “feijão com arroz”, e o churrasco do fim de semana cada vez mais caro. Por conta disso, infelizmente, o cidadão está cada vez mais endividado.

Esse endividamento é confirmado pelos dados divulgados pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) de Cascavel. No mês de junho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, foi registrado um aumento de 190% na quantidade de pessoas que foram inseridas na conhecida “lista negra”, ficando negativadas e com restrições de crédito para compras no geral e outras operações.

No mês de junho deste ano estavam na lista um total de 7.376 pessoas, número bem maior do que junho de 2021 que tinha 2.546. No mês também aumentou em 28% a quantidade de consultas ao sistema, que neste já chegou a 73.045, contra 56.915 do ano passado. Os números seguem a tendência desde o começo do ano, que no acumulado dos seis primeiros meses teve um total de 38.299 de pessoas incluídas no SPC, um total de 28% a mais do que os seis primeiros meses do ano passado que fechou de 29.849 pessoas.

Outro dado interessante é a quantidade de consultas ao sistema nos seis primeiros meses deste ano, maior do que no ano passado. Este ano foram 392.206 consultas, um índice 28% maior do que em 2021 que foram 307.332 consultas. Por outro lado, o número de baixas, ou seja, de pessoas que saíram da lista também é um pouco maior este ano do que no ano passado, 24.214 em 2022 contra 20.446 no ano passado, um crescimento de 18%.

De acordo com o diretor do SPC, Carlos Alves, uma das razões da diferença registrada em junho se deve ao fato de que em 2021, Cascavel, bem como boa parte das cidades do Paraná e do Brasil, estavam em lockdown de 15 dias, quando não houve registros. Além disso, segundo o diretor, teve a inclusão de uma grande quantidade de pessoas de uma só empresa da cidade, com cerca de 50% dos registros. Uma análise mais detalhada com dados da Faciap que será divulgada nos próximos dias

No Paraná

Segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, a Peic, apurada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e pela Fecomércio-PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), os paranaenses estão um pouco mais endividados também. A pesquisa apontou que 92,7% das famílias possuíam algum tipo de dívida em junho. Em maio, esse percentual era de 92,5%. Essa é a terceira elevação no indicador de endividamento.

A média brasileira ficou em 77,3%, com ligeira queda na comparação com maio, quando marcava 77,4%. No Paraná, o volume de famílias com contas em atraso também teve acréscimo, ao passar de 22,2% em maio para 22,4% em junho. Essa dificuldade em pagar as contas em dia é observada desde o começo do ano. Entretanto, as famílias que não terão condições de pagar suas dívidas baixaram de 7,8% em maio para 7,7% em junho.

As dívidas

O cartão de crédito corresponde a 82,7% das dívidas dos paranaenses em junho, seguido pelo financiamento de carro, com 11,9%, e pelo financiamento imobiliário, com 6,3%. O tipo de dívida com maior variação quando comparado com o mês de maio foi o financiamento de veículo, que apresentou crescimento de 59,5%, puxado pelas famílias de menor renda.

O endividamento aumentou entre as famílias de menor renda, nas quais 92,2% possuíam algum tipo de dívida em junho. Em maio esse percentual era de 91,9%. Já entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos o endividamento se manteve estável, em 95,2%.

Intenção de consumo das famílias cai para o patamar de insatisfação

Cascavel – O índice de Intenção de Consumo das Famílias em todo o Paraná caiu 3,4% em junho, a terceira queda consecutiva. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e da Fecomércio-PR, que demonstram que o indicador baixou de 100,7 pontos em maio para 97,2 pontos em junho. Pela primeira vez no ano, o índice ficou abaixo dos 100 pontos, o que indica uma percepção de insatisfação pelos consumidores.

Dos fatores avaliados para composição do índice, apenas a avaliação sobre o acesso ao crédito apresentou resultado positivo, com elevação de 1,6% na variação mensal. Entretanto, na comparação com junho do ano passado, o panorama do consumo paranaense está mais favorável, com elevação de 10,9%. Entre os quesitos analisados, apenas momento para duráveis mostrou redução de 29,8%.

A redução mais acentuada ocorreu entre as famílias de menor renda, entre as quais o ICF passou de 100,7 pontos em maio para 97,2 pontos em junho, baixa de 3,8%. Entre as famílias de maior renda o indicador caiu 1,6%, saindo de 103,2 pontos em maio para 101,6 pontos em junho.

Nas famílias com renda até dez salários mínimos, o que tem freado mais o consumo é a falta de Perspectiva Profissional, que reduziu 9,4% de maio para junho. Nesta faixa de rendimentos, apenas a percepção sobre Acesso ao Crédito teve alta de 1,8%. Os demais componentes tiveram queda. Já nas famílias com renda acima de dez salários mínimos, a maioria dos fatores avaliados apresentou crescimento.

Inflação

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, ficou em 0,62% em junho deste ano, percentual acima dos observados em maio (0,45%) e em junho do ano passado (0,60%). Segundo dados divulgados sexta-feira (8), pelo IBGE, o INPC acumula 5,61% no ano e 11,92% em 12 meses.

Em junho, o INPC ficou abaixo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país: 0,67%. Apesar disso, nos acumulados do ano, o IPCA apresentou valores mais baixos: 5,49% no ano e 11,89% em 12 meses, respectivamente. Também os produtos alimentícios medidos pelo INPC tiveram inflação de 0,78% ante 0,63% de maio. Os não alimentícios registraram 0,57% em junho ante 0,39% em maio.