São Paulo – Mais de R$ 1,4 bilhão em dinheiro físico está fora de circulação no Brasil, o que representa mais de 35% das cédulas e moedas produzidas pela instituição, revela uma estimativa da Sled, fintech de soluções tecnológicas para o varejo, com base em dados do Banco Central. Por conta disso, no último semestre de 2020, o BC determinou a impressão de mais de R$ 437,9 milhões em dinheiro em espécie para endossar as mais de 6,27 bilhões de cédulas que circulam pelo País.
A medida visa estimular o uso de papel-moeda, forma de pagamento mais utilizada no comércio, mesmo com o avanço da utilização dos meios digitais de pagamento nos últimos anos, como cartões de crédito e débito, carteiras digitais e transferências via PIX.
Doutor em políticas públicas, docente e coordenador na Faculdade Santa Marcelina, Gustavo Oliveira explica que a diminuição de moedas em circulação não está relacionada apenas à crise financeira causada pela pandemia do novo coronavírus, mas à mudança de hábitos dos consumidores.
“O hábito do brasileiro de guardar moedas e notas de pequeno valor consolidou a prática do entesouramento, que é acumular pequenas quantias para o uso imediato. No entanto, ao deixá-lo estocado, sem circular ou investir, contribui para a perda de valor ao longo do tempo, pois não sofre reajuste, e também ocasiona o prejuízo aos cofres públicos, devido ao alto custo de produção para novas moedas-físicas entrarem em circulação”, explica Oliveira.
O docente destaca a importância das alternativas digitais para reduzir os impactos da retenção de moedas. “O troco virtual ou arredondamento de valores visando à doação são princípios de responsabilidade social que podem impulsionar a economia e incentivar a circulação de moedas, assim como o uso de aplicativos de troco e até a oferta de brindes associados ao uso de moedas, que podem torná-la corrente e atrativa no mercado”, afirma.