LONDRES ? O diretor executivo do Uber, Travis Kalanick, ordenou neste domingo a abertura de uma ?investigação urgente? sobre relatos de assédio sexual feitos por uma ex-funcionária da empresa. Em um blog, Susan Fowler, que trabalhou na empresa como engenheira entre novembro de 2015 e dezembro de 2016, afirmou ter sofrido assédio de um superior desde o primeiro dia na função.
Em comunicado, Kalanic classifica o relato de Susan como ?repugnante e contrário a tudo o que o Uber representa e acredita?. A diretoria de recursos humanos foi acionada para investigar as acusações.
Segundo o texto publicado por Susan no domingo, ela foi vítima de assédio sexual, mas, quando denunciou o caso aos funcionários dos recursos humanos e à gerência, eles se negaram em punir o agressor porque ele era um funcionário de ?alta performance?. Segundo o relato da engenheira, que agora trabalha na start-up de pagamentos Stripe, o seu gerente no Uber usava o programa de troca de mensagens da companhia para tentar fazer com que ela fizesse sexo com ele.
Ela copiou as mensagens e denunciou o assédio, mas nada foi feito. Em vez disso, a gerência afirmou que eles ?não se sentiriam confortáveis em puni-lo por algo que provavelmente foi apenas um erro inocente da parte dele?.
A acusação feita por Susan provocou imensa reação nas redes sociais, inclunido a volta do movimento #DeleteUber, iniciada após a companhia aumentar os preços das corridas durante protesto no mês passado no aeroporto John F. Kannedy, em Nova York, contra a ordem executiva do presidente, Donald Trump, de banir a entrada de refugiados e imigrantes de sete países muçulmanos.
?Nós tentamos fazer do Uber um local de trabalho justo e deve existir absolutamente nenhum espaço para esse tipo de comportamento ? e qualquer pessoa que se comporte desta maneira ou pense que está tudo bem será demitido?, disse Kalanick.
Arianna Huffington, criadora do Huffington Post, ingressou no conselho do Uber no ano passado e, por meio do Twitter, afirmou que irá trabalhar junto com a chefe de recursos humanos, Liane Hornsey, na condução das investigações.
Os relatos de casos de assédio ou discriminação contra mulheres são constantes no Vale do Silício, principalmente em cargos técnicos. Muitas mulheres relatam terem passado por episódios de misoginia neste campo amplamente dominado por homens. Sob pressão, gigantes do setor de tecnologia, como Apple e Google, lançaram programas para recrutar equipes com maior diversidade.
Segundo Susan, quando ela entrou no Uber, a divisão onde ela trabalhava era formada aproximadamente por 25% de mulheres. Quando ela saiu, apenas 3% dos 150 engenheiros eram mulheres.