TRÂNSITO

Transitar "faz birra" e bate o pé contra semáforo em cruzamento perigoso

Local vitimou o pequeno Fernando Lorenzo, de 9 anos
Local vitimou o pequeno Fernando Lorenzo, de 9 anos

Desde o fato trágico que vitimou o menino Fernando Lorenzo Gehlen de apenas nove anos, na noite do dia 14 de junho, que morreu após ser atropelado no cruzamento das Ruas Paraná e Avenida Piquiri, muitos outros acidentes foram registrados no mesmo local o que acabou reacendendo a discussão dos comerciantes e da sociedade que cobra “mudanças” na via. Nesta semana, a Transitar realizou vários estudos e concluído, anunciou nesta quinta-feira (27) que fará algumas intervenções no local.

De acordo com a presidente da Transitar, Simoni Soares, que reuniu a imprensa para falar sobre os trabalhos, um estudo técnico e por amostragem foi feito pelos agentes em cerca de sete horas neste cruzamento e que ficou definido que a colocação de um semáforo não é a melhor solução para evitar sinistros no local, mas que será instalada uma câmera de monitoramento 24 horas para fiscalizar manobras irregulares e infrações de trânsito. O cabeamento já foi instalado no local.

Outras medidas também serão implantadas, como a colocação de uma lombada antes da faixa de pedestres e a Avenida Piquiri passará a ter velocidade máxima permitida de 40 quilômetros por hora.

“O semáforo não segura a velocidade e percebemos que outras situações ocorrem por simples descuido, o que ficou demonstrado neste estudo no qual foi utilizado inclusive o radar portátil nos dois lados”.

Simone Soares, presidente da Transitar

A presidente disse ainda que dentro do perímetro urbano, quatro mortes ocorreram em cruzamentos e cinco em preferenciais o que demonstra que o semáforo não é a solução, mesmo ainda sendo a maneira mais simples, fácil e barata. “Somos uma autarquia de trânsito que precisa agir em cima de estudos técnicos e nosso objetivo é que não ocorram mortes, por isso, vamos seguir o que analisamos ser de maior importância neste cruzamento”, falou.

Infrações

O estudo realizado pelos agentes apontou, ainda de acordo com Simoni, uma série de “irregularidades” por parte dos motoristas que trafegam pelas vias. Para se ter uma ideia, durante o período em que os agentes estiveram em fiscalização na Rua Paraná, 80% das infrações do trânsito foram devido ao uso do celular. Além disso, foram aplicadas multas por causa da falta do uso do cinto de segurança e da cadeirinha infantil. O cruzamento teve a preferencial invertida em abril do ano passado.

“Também identificamos que existe uma característica de que os motoristas que trafegam pela Rua Paraná acabam dirigindo mais rápido do que os que estão na Piquiri e que existem condutores que acabam fazendo a conversão proibida o que também evidencia que caso fosse instalado um semáforo, trariam sinistros de muita gravidade”, falou. Além disso, o estudo demonstrou ainda que o fluxo maior de veículos é da Piquiri sentido ao centro e não ao bairro.

Para a presidente, toda essa análise foi importante para que eles pudessem definir quais são as melhores intervenções a serem feitas, além de reforçar o que já havia sido dito logo após a morte do menino Fernando, de que o problema maior no local é o comportamento dos motoristas, que precisam entender que eles não estão sozinhos no trânsito. “As pessoas precisam reduzir a velocidade e ter consciência de não usar o celular ao volante, não podemos minimizar a responsabilidade do condutor neste tipo de situação”, reforçou.

Para oengenheiro de trânsito da Transitar, Juliano Denardin, eles estão seguindo um plano para prevenir e evitar a ocorrência de novos acidentes no cruzamento, como o estreitamento das faixas de rolamento, reforço na sinalização horizontal e instalação de luminárias nas faixas de pedestres.

Sobre o caso

O menino Fernando morreu enquanto aguardava para atravessar a via, na presença da mãe e de um amigo. O carro ‘furou’ a preferencial do cruzamento da Rua Paraná esquina com a Avenida Piquiri, sendo que o automóvel subiu na calçada e atropelou os pedestres. O menino acabou sendo mais atingido e com a gravidade dos ferimentos acabou morrendo ainda no local. A mãe e o amigo tiveram apenas ferimentos leves.

A motorista do carro fez o teste do bafômetro que apontou que não havia ingerido bebida alcoólica, mas ela se escondeu em uma loja alegando medo de ser linchada. O caso está sendo tratado pela Polícia Civil que recebeu relatos de que ela estaria utilizando o aparelho celular no momento do acidente, o que está sendo investigado. Depois disso, ela foi encaminhada para a Delegacia Cidadã para prestar depoimento.

A delegada de Polícia Civil, Thais Zanatta, que atendeu o caso, disse que a motorista pode ser indiciada pelos crimes de lesão corporal culposa e homicídio culposo, onde não há intenção direta no cometimento do crime. A pena máxima é de seis anos de prisão, sendo que o veículo e o aparelho celular foram apreendidos e vão passar por perícias para tentar o esclarecer as circunstâncias do acidente.