Cotidiano

Meirelles: governo precisa sinalizar com controle de despesas

2016 938689784-201609141111189713.jpg_20160914.jpgSÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou hoje que o governo precisa dar um sinal para a sociedade de que as despesas públicas serão controladas. Meirelles afirmou que ajustes de curto prazo tendem a ?dar errado? e, com as medidas que estão sendo propostas, o objetivo é dar um horizonte mais longo de previsibilidade.

? Queremos propor uma mudança constitucional, já que 80% das despesas do Orçamento são definidas pela Constituição, para enfrentar o problema e fazer o corte (das despesas) por um período duradouro. Com isso damos previsibilidade de que a despesa pública vai se estabilizar e depois começar a cair ? disse Mierelles, que participou na manhã desta segunda-feira do seminário ?Perspectivas para a Economia Brasileira nos próximos anos? na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Um estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp mostrou que se nenhuma reforma for feita, como corte de gastos do governo no curto prazo, aprovação da PEC do teto dos gastos, reforma previdenciária e redução dos juros, a dívida bruta pode chegar a 167,4% do PIB até 2026. Com as reformas, a expectativa é que a dívida recue a 75% no mesmo período.

O ministro ouviu críticas do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, sobre o atual patamar da taxa de juros, que se mantém em 14,25%, mesmo com a inflação cadente. Skaf também reclamou sobre o atual patamar do câmbio, que rouba a competitividade do setor industrial brasileiro, e afirmou que indústrias em dificuldades vêm sofrendo com a falta de crédito, especialmente nos bancos públicos.

? Nestes três pontos, os sinais não são positivos. Se o juro não cai, a confiança dos empresários pode recuar novamente ? afirmou Skaf.

Meirelles afirmou que o ministro da Fazenda não deve dizer o que o Banco Central deve fazer em relação a juros e câmbio. Ele, que já foi presidente do BC no governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva, disse que ?ministro da Fazenda dando palpite no BC sempre atrapalhou muito, como mostrou minha experiência?. Segundo ele, os bancos públicos estão com o freio puxado em relação ao crédito, porque a oferta cresceu muito nos últimos anos, e agora é um momento de reposicionamento.

? Mas assim que houver a inversão da tendência de crescimento e do crescimento das vendas, os bancos públicos terão condições de retomar a oferta ? afirmou.

Ainda sobre empresas em dificuldades, Meirelles voltou a dizer que o governo quer propor mudanças na lei de recuperação judicial. Ele disse que há limitações que atrapalham o processo de recuperação da empresas.

? Há casos de empresas em dificuldades, em que a empresa tem bons ativos, mas não consegue vender por conta de questões trabalhistas, que o comprador corre o risco de herdar. Isso tem que ser equacionado considerando as melhores práticas internacionais ? afirmou.