Cotidiano

Estados querem alongar em 20 anos prazo para pagar dívidas

Richa afirmou que a prioridade é proteger e gerar empregos na região, em um momento em que a crise econômica faz a desocupação bater recordes

Curitiba – O governador Beto Richa assumiu ontem, em Curitiba, a presidência do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul), que reúne Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Richa substituiu o governador gaúcho José Ivo Sartori, que ocupou o cargo nos últimos 17 meses.

Na solenidade de posse, no Palácio Iguaçu, Beto Richa afirmou que a prioridade é proteger e gerar empregos na região, em um momento em que a crise econômica faz a desocupação bater recorde em todo País. O governador paranaense também defendeu, junto com os demais governadores, a proposta de suspensão temporária do pagamento da dívida dos estados com a União por 24 meses e o alongamento do prazo por 20 anos.

A ideia será discutida entre os governadores e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em uma reunião na próxima semana em Brasília.

“Grande parte dos estados e municípios sofre pela irresponsabilidade do governo federal, que levou o País à maior crise econômica dos últimos tempos”, disse Richa. “Nada mais justo que o governo federal arque com parte das consequências e assuma a carência total, por dois anos, da dívida dos estados junto à União, permitindo que, nesse momento de crise, os estados possam suprir as demandas adicionais da população” afirmou.

Richa citou como exemplo o caso da dívida do Paraná, originalmente em R$ 5,6 bilhões quando foi contraída, em 1989. “De lá para cá, o Paraná já pagou R$ 14 bilhões e ainda deve R$ 9,5 bilhões. É uma dívida impagável, uma bola de neve, com juros extorsivos. O governo federal age como um agiota em relação aos estados”, acrescentou.

Carência necessária

Para o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, a carência de 24 meses é necessária nesse atual momento de dificuldade. A proposta foi discutida em uma reunião de secretários da Fazenda na semana passada. “O governo federal possui instrumentos, que tem usado, como a emissão de moeda ou até o deficit fiscal, como o que acontece no últimos anos. Os estados não têm nenhuma alternativa que não seja atrasar fornecedores, atrasar pagamentos. Por isso, essa negociação é de interesse do serviço público”, disse ele. Além da carência, os estados defendem a correção da dívida pelo IPCA mais 4% ao ano, que já está prevista em decreto.