Abril mais seco volta a agravar a crise hídrica no Paraná

Cascavel – A crise hídrica voltou a se agravar em quase todo o Paraná, o que reforça os pedidos para o uso racional da água. Curitiba e outras sete cidades, inclusive Cascavel, tiveram o abril mais seco desde o início da série histórica, em 1998. Dos 13 municípios analisados pelo Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), apenas em Guaratuba, no litoral, a chuva foi superior à média.

No total, a precipitação nos 13 pontos diferentes do Estado foi de 369 milímetros (mm), ou 25,7% da média histórica, estimada em 1.434,1mm no acumulado para essas mesmas áreas.

Londrina foi a cidade em que menos choveu no mês passado entre os locais pesquisados. Apenas 0,6mm, ante uma expectativa de 85,1mm. Pato Branco (3 mm), Maringá (3,4 mm), Cascavel (3,8 mm), Guarapuava (4,8 mm), Umuarama (4,8 mm) e Campo Mourão (7,6 mm) aparecem na sequência, todos com o pior abril da história. Ponta Grossa (9,6 mm), Cambará (10,8 mm) e Paranavaí (17,6 mm) também apresentaram chuvas bem abaixo da média. Já Foz do Iguaçu registrou 41,3% do volume aguardado (147,1).

Na Capital, que convive com rodízio no fornecimento de água desde o ano passado, a precipitação atingiu 8,8mm, cerca de 10% do esperado para o período (81,6mm). O desempenho repete o abril de 2000 como os piores mensurados desde 1998.

Nessa segunda-feira (3), a média dos reservatórios do Saic (Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana) é de 54,08%. Uma queda significativa em relação ao último dia março, quando o índice mostrava 60,79%.

Maio

Ainda de acordo com o Simepar, as frentes frias, responsáveis pela chuva nesta época do ano, não conseguiram ingressar no Paraná com força suficiente para causar chuvas expressivas. Além disso, foram poucos os sistemas frontais que passaram pelo Paraná.

A expectativa, segundo o instituto, é de que em maio as chuvas sigam abaixo da média em todo o Estado.

A média histórica para o Paraná varia de 640 a 1.050 em abril, de 510 a 1.120 em maio e de 610 a 1.040 em junho. “O mês de abril foi o pior cenário que a gente teve nos últimos 23 anos. Neste ano, nós só tivemos chuvas em janeiro e fevereiro, depois só uma quantidade muito pequena”, afirma a gerente-geral da Sanepar de Cascavel, Rita Camana.

 

Queda de vazão em rios e poços

De acordo com a Sanepar, o maior déficit da precipitação pluviométrica no Paraná é no sudoeste. Em algumas cidades, rios e poços apresentam redução significativa na quantidade de água disponível para o abastecimento urbano. Os poços que abastecem Pranchita e Santo Antônio do Sudoeste já perderam mais de 60% da vazão, inviabilizando o fornecimento de água de forma regular para todas as regiões das duas cidades, que resultou em rodízio em ambas as localidades.

Já na região de Cascavel, a redução fica em torno de 20% a 25%. Com a captação realizada no Rio São José mantida dentro da média, apesar da atenção com relação à estiagem prolongada, ainda não há previsão de utilização da água do Lago Municipal para o abastecimento de Cascavel.

A recomendação é de que a água seja utilizada prioritariamente na alimentação e na higiene pessoal. Limpezas pesadas, lavagens de veículos, calçadas, fachadas e irrigação de hortas e jardins são atividades que devem ser adiadas até que a situação volte à normalidade.

Veja quanto choveu em abril nos 13 pontos do Paraná analisados pelo Simepar

 

CURITIBA

Abril 2021: 8,8 mm

Média do período: 81,6 mm

Porcentual: 10,7%

 

LONDRINA

Abril 2021: 0,6 mm

Média do período: 85,1 mm

Porcentual: 0,7%

 

MARINGÁ

Abril 2021: 3,4 mm

Média do período: 71,3 mm

Porcentual: 4,7%

 

CASCAVEL

Abril 2021: 3,8 mm

Média do período: 133,3 mm

Porcentual: 2,8%

 

FOZ DO IGUAÇU

Abril 2021: 60,8 mm

Média do período: 147,1 mm

Porcentual: 41,3%

 

GUARAPUAVA

Abril 2021: 4,8 mm