AGRO

MercoLab em Cascavel: Desafio da avicultura é manter protagonismo mundial

Foto: Vandré Dubiela/O Paraná
Foto: Vandré Dubiela/O Paraná

Cascavel – Tendo a qualidade e o controle sanitário como seus principais patrimônios, a avicultura brasileira mantém seus status de referência mundial em produção e bem-estar animal. Cascavel não foi escolhida por acaso para sediar na terça-feira a 15ª edição do Encontro MercoLab de Avicultura, reunindo as principais sumidades no assunto tanto do Brasil como do exterior. O encontro no anfiteatro Emir Sfair, parte do complexo do Centro de Convenções e Eventos de Cascavel, reuniu centenas de pessoas entre profissionais, acadêmicos e engenheiros agrônomos ligados à área.

Em entrevista concedida para a equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o coordenador do evento, Alberto Back, explica os motivos de escolher Cascavel para esse importante evento. “Cascavel é o centro da avicultura. Entretanto, percebemos a necessidade de atualizações e reciclagem para trazer informações e incorporá-las à nossa avicultura, que é uma das melhores do mundo, mas precisa estar em constante movimento”, destaca.

Conforme Back, o Paraná é um dos grandes produtores de aves do País, responsável por mais de 40% de toda a produção nacional e praticamente o mesmo percentual exportado pelo Brasil saem do Paraná, exemplifica. Ou seja, nada mais justo do que sediar um evento técnico como esse em Cascavel, onde se concentra a produção, equipes técnicas e trazer palestrantes de renome nacional e dois internacionais, sendo um da Europa e o outro dos Estados Unidos, abordando temas atuais e importantes para a difusão do conhecimento.

A presença da doença de Newcastle em uma propriedade rural do Rio Grande do Sul e a rápida mobilização das autoridades mostrou o tamanho da preocupação que o País tem com a biossegurança animal. “Tiramos várias lições a partir deste episódio: a primeira delas é que, mesmo sendo referência, precisamos redobrar os cuidados com a biosseguridade e a segunda lição: fizemos o dever de casa. Conseguimos debelar muito rápido, contendo a propagação da doença gerando um resultado positivo para a indústria”.

Caso esse controle não fosse imediato, a doença poderia se alastrar e o Brasil sofrer severas sanções comerciais, no entendimento de Alberto Back. “A sanidade é tudo. Um problema sanitário pode comprometer toda uma produção nacional”.

Luta contra Newcastle e influenza aviária

Manter a qualidade e o nível de produção é um dos principais desafios da avicultura, na ótica do diretor da MercoLab, Alberto Back. “No ponto de vista da sanidade, não temos circulando em aves comerciais nem a Newcastle e muito menos a influenza é um grande avanço. Em resume, temos uma grande vantagem perante os outros países de não ter essas doenças circulando em nosso território”. Em resumo, manter esse status é um grande desafio. A intenção é continuar entre o segundo e o terceiro País que mais produz aves e o primeiro que mais exporta.

Presidente da ABPA fala ao O Paraná

Outra figura ilustre do cenário avícola nacional, o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, esteve em Cascavel para palestrar sobre os desafios da avicultura: presente e futuro. Gentilmente, deu uma pausa nas palestras para conceder entrevista para o Jornal O Paraná. “A palestra que proferi hoje [ontem] mostrou a realidade vivida hoje e a posição de protagonismo do Brasil e traçamos um comparativo com os demais concorrentes”, cita.

Ao olhar para os aspectos de produção exportação, o Brasil é um dos países que aumentará a sua produção, assim como os Estados Unidos e a China. “No entanto o Brasil cresce a produção e vai crescer também a exportação, mas os Estados Unidos, nosso principal concorrente e segundo colocado na exportação total, vão cair 7%, gerando novas oportunidades ainda neste ano”. Os Estados Unidos experimentam um aumento no processo de consumo local, com crescimento da produção em 0,8% e reduzindo a exportação, porque provavelmente está consumindo mais no mercado interno. Já a Europa, embora cresça 5%, é alicerçada por uma base muito baixa em termos de 20 mil toneladas ao ano de exportação, que não é nada comparada aos 5 milhões de toneladas do Brasil.

O Brasil é o maior exportador mundial de carnes, responsável por 36% do market share global. A soma dos Estados Unidos e Europa como segundo e terceiro, ficam distantes destes 5 milhões de toneladas a exportar.

Os desafios para manter essa posição de protagonismo esbarram na esfera logística, a Reforma Tributária em trâmite, a conta de energia elétrica mais barata e principalmente manter o Brasil livre da influenza aviária.