Agronegócio

40% dos produtores estão “fora” da assistência técnica

Seab analisa fusão entre Emater, Iapar, Codapar e Centro de Agroecologia

Santa Tereza do Oeste – Destaque na produção agropecuária brasileira, a administração pública da agricultura e do abastecimento no Estado do Paraná deve passar por uma transformação radical. O projeto começa a ganhar forma com direcionamentos já apontados.

O primeiro passo já rendeu polêmica: a extinção do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná). O secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, garante que o órgão não deixará de existir, mas que precisa se reinventar com ousadia ou vai morrer à míngua: “Não temos como contratar mais profissionais para o setor e estamos em um processo acelerado de aposentadoria dos pesquisadores. Ou a gente se reinventa ou morre à míngua. Uma hora alguém apaga a luz… não podemos admitir isso em um estado como o Paraná, ante a importância da agricultura”.

Esse é um dos aspectos que vêm sendo analisados por um grupo de trabalho criado na Secretaria de Agricultura que tem a missão de estudar o fechamento de alguns dos 20 polos de pesquisa – o de Santa Tereza do Oeste está nesse levantamento, por exemplo.

Na Seab, o objetivo é melhorar a capacidade e a qualidade da gestão. “Esse grupo de trabalho estuda uma fusão de quatro setores para criar o melhor órgão público que o Paraná já teve. Ou é assim ou nem faremos”, afiança Ortigara.

Superestrutura

A meta é ousada. A junção envolve Iapar, Emater, Centro de Agroecologia e a Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná). A superestrutura estará focada em fortalecer a pesquisa e a assistência técnica.

Atualmente o Paraná tem, segundo o Censo Agropecuário divulgado em 2018, 150 mil produtores rurais que nunca foram atendidos pela assistência técnica em um total de 360 mil propriedades. Isso significa que duas em cada cinco propriedades precisam caminhar sozinhas sem orientação técnica oferecida pelo Estado. “São produtores que nunca tiveram atenção. Precisamos chegar a eles com rapidez e qualidade. Não se pode virar as costas para isso. O objetivo é

Financiamento e inovação com braços privados

Para ampliar a pesquisa e a assistência técnica, a “superestrutura” terá a incumbência de buscar um braço privado. Uma das metas também pode estar focada no pagamento de royalties pelas tecnologias desenvolvidas pelo Iapar como nas variedades de café e feijão às quais o instituto é referência no País, assim como a horticultura, com destaque ainda para as variedades de cítricos.

Essa ampliação de ações teria mais uma variável: a redução dos cargos de chefia. “Com essa fusão teremos o enxugamento das diretorias, de 17 existentes passaríamos a ter seis na soma desses órgãos”, lista o secretário Norberto Ortigara. “Precisamos desta sacudida, precisamos aumentar o ritmo, uma tentativa ousada de melhorar a pesquisa e a assistência… as propriedades precisam pegar mais pesado [na produção], é preciso mais densidade de renda, diversificação e precisamos nos aprimorar, e é então que a iniciativa privada pode nos ajudar”.

O secretário diz que ainda não há nome para essa nova estrutura, e sugere que talvez seja escolhido em um concurso público.

Para Ortigara, essa reestruturação é urgente, mas só será possível se cabeças pensantes forem buscadas também fora do agro, nas empresas de tecnologia startups, ingressar de vez na tecnologia da informação e se modernizar em um caminho sem volta: “A agricultura moderna precisa disso. Precisamos estar nisso e oferecer esses serviços”.

Contratações

Ao fundir esses quatro órgãos (Emater, Iapar, Codapar e Centro de Agroecologia) seria possível ainda contratar mais pesquisadores para o Iapar, que é onde a situação está mais crítica neste momento.

O secretário Norberto Ortigara afirma que, diretamente pelo órgão, isso não seria possível devido ao estrangulamento dos gastos com a folha no Estado. Assim, as contratações seriam feitas em um programa diferenciado por Emater e Codapar. A expectativa é para que as efetivações ocorram ainda em 2019 e possam dar um gás na pesquisa.

Por Juliet Manfrin