Cotidiano

Auditor do TCU diz que sentiu 'frio na barriga' ao constatar irregularidades

BRASÍLIA — Segunda testemunha a ser ouvida pelos senadores, o auditor fiscal Antonio Carlos Costa D'Ávila disse, na noite desta quarta-feira, que sentiu um “frio na barriga” quando constatou irregularidades cometidas pelo governo afastado, as pedaladas fiscais — atraso de repasses a bancos oficiais por parte do governo, obrigando as instituições a usarem recursos próprios para pagar benefícios como o Bolsa Família. Seu depoimento na comissão dura mais de duas horas.

Respondendo a um questionamento do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) disse que não acreditou quando se viu “diante daquela situação”.

— Eu não acreditava que estava diante daquela situação, de tal sorte que, ao receber os argumentos da outra parte, me dava um frio na barriga grande. Eu pensava: 'não é possível, eu devo estar errado' — contou a testemunha de acusação, que elogiou, durante a oitiva, a história do senador Lindbergh Farias e disse que trabalhou e “gosta muito” do ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi Hoffmann.

— Mas, infelizmente, o que eu estava vivenciando era o cometimento de atos que, no meu ponto de vista, contrariavam os mais fundamentais, sensíveis e caros fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não fico feliz em ter encontrado esse conjunto de achados, mas enquanto a sociedade tiver me pagando um salário para exercer minha função, farei de tudo pra que a Lei de Responsabilidade Fiscal seja respeitada, um dos mais importantes pilares da nossa democracia — acrescentou D'Ávila.

Em seguida, Caiado se disse “perplexo” pela constatação de que o governo Dilma deixou “sequelas” por uma gestão “incompetente”.

— Fica clara a perplexidade em constatar o que na medicina a gente chamada de iatrogenia, praticada por médicos incompetentes. Quando às vezes vamos operar um paciente e vemos o tanto de sequela que ele tem por conta de um médico incompetente. É exatamente o que vejo, que toda essa estrutura foi mutilada, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi deixada de lado para fortalecer um projeto de poder — criticou o senador.