Em livro, Mariza Tavares conta a história dos filhos 'do meio'

RIO ? Arthur, Joana e Julia não se conhecem, mas têm o mesmo problema: são filhos do meio. Sempre comparados pelos pais aos primogênitos, nunca ganham os mesmos privilégios dos caçulas. Um dia, os três se rebelam. Ao mesmo tempo, comandam pequenos levantes familiares e reivindicam mais espaço e visibilidade. A trama conduz ?Os do meio? (7letras), livro infantil da jornalista Mariza Tavares, que lança a obra no domingo, na Livraria da Travessa do Leblon.

? É uma história de diversidade. Cada filho é de um jeito. Mesmo que sejam muitos irmãos, cada um teve pai e mãe diferentes, porque as pessoas mudam ? diz ela.

A primeira em uma família de três irmãs, Mariza conta que só enxergou os problemas dos filhos ?ensanduichados? quando ouviu as queixas de uma amiga. As reclamações dela redundaram em Julia. A menina adora ler, mas é obrigada pela família a praticar esporte com os dois irmãos.

? Ela virou personagem. Comecei a pensar que existem muitos espremidos, cada um preso no seu papel. Daí, veio a ideia da rebelião generalizada ? conta Mariza, que é diretora-executiva de jornalismo e comentarista da rádio CBN.

O problema de Arthur é outro. Muito bagunceiro, ele vive sob a sombra do comportado Lucas, que é usado como exemplo pelos pais. Já Joana perdeu o posto de caçula para Manuela e se ressente por isso. Quando os três ?enlatados? protestam, o apoio vem de um lugar inusitado. Os primogênitos e caçulas também não gostam de seus papéis.

?Os do meio? é acompanhado por ilustrações de Nina Millen, que fez os desenhos dos outros dois livros infantis de Mariza: ?O sofá que engoliu as crianças? e ?O medo que mora embaixo da cama?, publicados em 2013 e 2014 pela Globo Livros. Em tons pastéis, as imagens combinam com as nuances da história e do texto, que ? apesar de simples ? não é tatibitate:

Fico zangada com livros que são um acinte à inteligência das crianças. A escrita não pode ser sofisticada, mas tem que ter uma estrutura

? Fico zangada com livros que são um acinte à inteligência das crianças. A escrita não pode ser sofisticada, mas tem que ter uma estrutura. Acho que a disciplina do texto jornalístico me ajuda.