SÃO PAULO ? Pela primeira vez em dois anos, o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 7 milhões de clientes na Grande São Paulo, ultrapassou o índice anterior ao início da crise hídrica, em 2013. Nesta sexta-feira, o Sistema armazenava 45,5% do volume útil. Há exatos dois anos, em 9 de setembro de 2013, o nível era de 45,4%. Esse total desconsidera as reservas técnicas, chamadas de ?volume morto?, que fica abaixo do volume útil e necessita de bombeamento para ser utilizada.
Neste ano, o índice já chegou a ser maior em junho, mas ainda não tinha superado o nível anterior ao início da seca que atingiu o estado de São Paulo. Durante o inverno, a tendência histórica é de queda do nível do sistema. De acordo com a Sabesp, o retorno da época das chuvas mais constantes ocorre no próximo mês.
Hoje, o sistema armazena 446,9 bilhões de litros dos 982 bilhões que compõem o volume útil. Durante a crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) foi alvo de uma ação jurídica devido aos índices divulgados pela empresa. O esgotamento do sistema levou o governo paulista a liberar o volume morto, que adicionou 287 bilhões de litros ao Cantareira. No entanto, a companhia permaneceu divulgando o índice antigo, que desconsiderava o volume morto e mantia o índice como positivo.
Uma decisão judicial em abril de 2015 obrigou a Sabesp, no entanto, a divulgar também o índice que levava em conta a reserva. Segundo a decisão, a divulgação da informação até então tinha a capacidade induzir o cidadão ao erro. De abril a dezembro de 2015, quando passo a divulgar o novo índice, o Sistema Cantareira teve nível negativo, ou seja, utilizando apenas o volume morto.
A retirada de água do sistema, no entanto, ainda é menor do que o de antes da crise. Em setembro, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) liberaram o aumento da retirada média do Cantareira de 23 mil litros por segundo para 25 mil litros. Antes da crise hídrica, a retirada era de 31 mil litros por segundo. Segundo a Sabesp, essa diferença permitirá que o manancial continue se recuperando nos próximos meses.
Durante a crise, a Sabesp também diminuiu a pressão e criou um programa de bônus para os usuários que racionassem o uso de água. De acordo com a companhia, 80% dos clientes diminuiu o uso durante o período. A medida foi suspensa em abril deste ano.