Toledo – Para uma região que não via chuva durante longos 41 dias, o registro de ontem foi motivo de muita comemoração. No campo a água veio em forma de tranquilidade. Apesar de o volume ainda ser pouco inexpressivo – na média regional foram 15 milímetros -, ele serviu para amenizar os danos sofridos pela estiagem em 100% das lavouras de milho. São 730 mil hectares que penavam para se desenvolver com tanta secura. “As lavouras estavam estagnadas, sem umidade, a planta não crescia e a formação de grãos estava falha. Na média faltava 20% dos grãos nas espigas que agora esperamos que sejam preenchidas”, afirmou o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) José Pértille.
De acordo com Pértille, a maior expectativa para intensificar a recuperação da cultura está na chuva prevista para a próxima semana. Esta frente fria que quebrou o padrão de secura vai ser seguida por uma massa de ar frio nos próximos dias. Antes da massa que promete derrubar as temperaturas chegar, deve vir a precipitação.
O Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) prevê que até o fim da semana que vem chova cerca de 120 milímetros na região oeste do Paraná. “Esta chuva, sim, vai amenizar os danos no milho e auxiliar na recuperação, mas o que se perdeu infelizmente não tem mais volta. Ainda não temos relatórios de perdas e ele só poderá ser feito após esse período de chuva que se aproxima”, reforçou.
As cooperativas também preferem não falar em redução de produtividade neste momento. Em média, ela segue como a estimada no início do ciclo, de 6,5 mil quilos por hectare. Na região a expectativa de produção segue perto das 4,8 milhões de toneladas, considerando os 28 municípios do núcleo de Cascavel (1,915 milhão de toneladas em 300 mil hectares) e os 20 municípios do núcleo de Toledo (2,9 milhões em 430 mil hectares).
Trigo
Outra mudança no campo causada pela chuva de ontem foi um verdadeiro mutirão de máquinas para o plantio do trigo que está atrasado em quase um mês. Segundo Pértille, desde que houve confirmação de que a chuva cairia ontem, os produtores resolveram ir para o campo e intensificar o cultivo. “Antes estávamos com uns 5% cultivados no seco, de quinta para cá, com a previsão de chuva, esse percentual já subiu para 15% e hoje [ontem], onde choveu menos e permitiu que as máquinas entrassem nas áreas, uma vez que é plantio direto, havia muita gente plantando”, afirmou.
Isso significa que este fim de semana vai ser de muito trabalho no meio rural. A expectativa é para que até segunda-feira (14) pelo menos 80% de 163 mil hectares que serão destinados para esse cereal estejam semeados.
Cultivo agora não atrasa plantio de verão
A intensificação do cultivo de trigo não tem a ver apenas com a precipitação registrada ontem. Da mesma forma que o milho espera por mais água para se recuperar ao longo da próxima semana, o que os triticultores apostam é na chuva que está por vir fazendo com que as sementes germinem e possam emergir.
O início do zoneamento para o trigo foi na metade de abril. Ainda há tempo hábil para o cultivo, que pode ser iniciado até o fim do próximo mês. Ocorre que o produtor não quer retarar esse processo.
É o caso do produtor de Terra Roxa Paulino Ávila. Com 50 hectares destinados ao trigo neste ciclo, ele afirma que quanto mais tarde iniciar o plantio, pior será para o desenvolvimento da lavoura e para o comprometimento da safra de verão. “Eu queria ter plantado em abril ainda, mas sem chuva não dava. Vamos plantar neste fim de semana para não ter trigo no campo em outubro, o que é muito perigoso por conta do excesso de chuva naquele mês o que é pior do que as geadas em julho e agosto”, destacou.
Plantando agora, Paulino pretende colher em setembro, justamente no período que chega ao fim o vazio sanitário da soja. “Ano passado não chovia e tive de plantar soja mais tarde. Este ano, se o tempo contribuir, vamos plantar no início do ciclo e não atrasar a safrinha de 2019. No campo tudo é data e condições do tempo”, destacou.