Política

Senado: CCJ com o marco temporal e a atualização da Lei de Cotas na pauta

Brasília (DF), 21/09/2023,  Sessão do STF sobre a tese do marco temporal. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF), 21/09/2023, Sessão do STF sobre a tese do marco temporal. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Brasília – O marco temporal para reconhecimento de terras indígenas, previsto no PL 2.903/2023 e rejeitado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na última semana, está na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) de amanhã, na quarta-feira (27). Também pode ser votado o PL 5.384/2020, que atualiza a Lei de Cotas. A pauta da comissão tem 12 itens e a reunião está marcada para as 10h.

A votação do projeto no Senado após a decisão do STF criou um impasse. Senadores da base governista e contrários ao texto argumentam que, mesmo se aprovado, o projeto seria inconstitucional. O entendimento do Supremo, firmado na última quinta-feira (21), é de que a data da promulgação da Constituição Federal (5 de outubro de 1988) não pode ser utilizada para definir a ocupação tradicional da terra por essas comunidades. No mesmo dia da reunião da comissão, a Corte deve fixar a decisão, que servirá de parâmetro para mais de 200 casos semelhantes, segundo o tribunal.

O projeto já foi aprovado na CRA (Comissão de Agricultura e Reforma Agrária) em agosto e agora espera votação na CCJ, onde o relator é o senador Marcos Rogério (PL-RO). O texto foi aprovado pela Câmara no final de maio, após tramitar por mais de 15 anos.

De acordo com o texto, para que uma área seja considerada “terra indígena tradicionalmente ocupada”, será preciso comprovar que, na data de promulgação da Constituição Federal, vinha sendo habitada pela comunidade indígena em caráter permanente e utilizada para atividades produtivas. Também será preciso demonstrar que essas terras eram necessárias para a reprodução física e cultural dos indígenas e para a preservação dos recursos ambientais necessários ao seu bem-estar.

Se for aprovado pela comissão, o texto ainda terá que passar pelo Plenário do Senado.

Lei de Cotas

O PL 5.384/2020, também na pauta, atualiza a Lei de Cotas (Lei 12.711, de 2012) para, entre outras mudanças, reduzir a faixa de renda que serve como critério para ingresso, e incluir os quilombolas entre os beneficiados com as vagas do programa especial de acesso às instituições federais de educação superior e de ensino técnico de nível médio. Atualmente, o programa atende estudantes pretos, pardos, indígenas e com deficiência, além daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio ou fundamental em escola pública. A proposta prevê ainda a realização de avaliação do programa a cada dez anos, com a divulgação anual de relatório sobre a permanência e a conclusão dos alunos beneficiados.

O projeto, da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), tem como relator o senador Paulo Paim (PT-RS), que apresentou relatório favorável ao texto sem alterações.

Discussão na FPA

Na semana passada, logo após a decisão do Supremo, o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion (PP), afirmou: “O STF está destruindo o direito de propriedade no Brasil. Não é mais possível aceitar a expansão das atribuições do Judiciário, pois sequer respeita o texto constitucional e as balizas por ele próprio definidas em casos emblemáticos e paradigmáticos”.

Neste início de semana, a bancada do agro realizou uma reunião fechada para avaliar um pacote de medidas para reagir a rejeição do marco temporal pela Suprema Corte. A frente vai realizar reuniões com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de obstrução de votações e do apoio ao andamento de uma PEC para encarecer indenizações a ruralistas. A FPA também articula o apoio de outras bancadas no Congresso para fortalecer a resposta do Legislativo.

“Não dá para ficar assim. Ou seja, cada assunto que chegar ao Congresso, termos de ir negociar com o STF. Não são eles que dizem o que podemos votar. Nós que temos de fazer nosso papel e legislar”, disse Lupion.

Foto: Ministério da Defesa