Política

Secretário de Segurança Pública sinaliza reintegração da Araupel

De acordo com o deputado estadual Coronel Lee (PSL), as reintegrações de posse determinadas pela Justiça sobre a área da Araupel serão cumpridas “nos próximos meses”

Reportagem: Josimar Bagatoli

Quedas do Iguaçu – Ignoradas nas duas últimas décadas, as reintegrações de posse determinadas pela Justiça sobre a área da Araupel, em Quedas do Iguaçu, serão cumpridas “nos próximos meses”, informa o deputado estadual Coronel Lee (PSL), após conversa com o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná, coronel Rômulo Marinho Soares. “O secretário nos sinalizou que as reintegrações de posse, em Quedas do Iguaçu, serão cumpridas nos próximos meses”, afirma o deputado que, por estratégia, o mês não foi revelado. Contudo, Lee propõe a antecipação ao período definido pelo Estado.

A área foi invadida pela primeira vez em 2003, quando um silo da Araupel foi ocupado por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). A partir de então houve sucessivas ações até que a fazenda de reflorestamento da empresa acabou tomada em julho de 2014. Na época, estradas foram bloqueadas impedindo o acesso à propriedade de 33 mil hectares. Mais de 3,4 mil famílias estão acampadas na área e, embora diversas reintegrações de posse tenham sido expedidas, nenhum despejo foi cumprido.

O local virou uma “cidade” sem lei. Acampamentos dividem espaço com assentamento. E invasores vendem áreas ilegalmente – terrenos são comercializados por R$ 15 mil o hectare, sem documentação.

Além disso, os invasores estão derrubando árvores de mata preservada e ateiam fogo na pastagem e até na mata, conforme denúncias já publicadas neste jornal.

Em audiência pública no começo deste mês em Cascavel, autoridades e moradores apresentaram as consequências da invasão e clamaram por uma ação urgente do Estado. O Coronel Lee propôs à Alep (Assembleia Legislativa) a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para responsabilizar quem deveria mas está desrespeitando as ordens da Justiça. O relatório já foi encaminhado ao presidente da Alep, Ademar Traiano. “Estamos entregando os documentos. São 18 assinaturas necessárias e já andamos em vários gabinetes entregando material e angariando as assinaturas. Não atingimos o total ainda. De qualquer maneira, é um passo moroso e está mais rápido do que várias CPIs que demoram anos para conseguir assinaturas”, justifica o deputado.

Apesar de encaminhar toda documentação à União, ainda não houve manifestação da esfera federal. Ao TJ (Tribunal de Justiça), o deputado também repassou o dossiê. “Pediram documentos complementares que vão ocasionar novos procedimentos na Justiça”, adianta, em alusão a pedidos de intervenção no governo estadual para o cumprimento das ordens de reintegração de posse. Ao menos dois processos já estão nas mãos da PGE (Procuradoria-Geral do Estado).