Política

Prefeitura abre processo administrativo contra consórcio do transporte

Foz do Iguaçu – A Prefeitura de Foz do Iguaçu abriu o primeiro processo administrativo contra o Consórcio Sorriso, responsável pela exploração e pela operação do transporte coletivo de Foz do Iguaçu, pelo descumprimento das obrigações previstas no edital de concorrência pública número 05/2010 e do contrato número 135/2010. A autorização, assinada pelo prefeito Chico Brasileiro, foi publicada no Diário Oficial do Município na quarta-feira (9).

O procedimento vai permitir ao Município apurar a responsabilidade civil das empresas que integram o consórcio, inscrito no CNPJ 12.635.563/0001-35, por descumprimento contratual. A iniciativa prevê, ao contratado, todo direito ao contraditório e a ampla defesa. O processo deverá observar as exigências legais, tramitando com maior brevidade possível pela Diretoria de Licitações e Contratos.

A iniciativa levou em consideração a existência de razões de interesse público e a gravidade dos fatos narrados, que resultaram em prejuízo ao bom funcionamento dos serviços e que a contratada deveria cumprir rigorosamente as obrigações previstas. Também a Lei 8.666/93, que exige do administrador público que apure eventuais irregularidades cometidas pelas licitantes durante a execução do contrato.

 

Em alerta

A preocupação é que, no contrato entre a prefeitura e o consórcio, formado por três empresas, a única certeza que existe hoje é que vai vencer em outubro de 2025, afirma o secretário municipal da Transparência e Governança, José Elias Castro Gomes. “Então, após esses 11 anos da assinatura, o que vem acontecendo? O serviço vem se deteriorando, cada dia pior, cada vez mais reclamações dos usuários. Hoje a nota de serviço de transporte coletivo em Foz do Iguaçu é beirando a 3,5 de 0 a 10”, ressaltou. “E o que a prefeitura vem fazendo? Existe um contrato, nós temos as cláusulas que têm que ser respeitadas, de ambas as partes, mas a gente vem policiando e percebendo o que acontece”.

José Elias lembra que também existe uma relação política entre o consórcio e os trabalhadores, através de sindicato, com a convenção trabalhista, que tem que ser respeitada, incluindo o pagamento em dia, índices de correções anuais. Em função dessa situação, os trabalhadores estão em greve há quase dois meses (movimento começou em 13 de abril). “Mas essa é uma negociação do sindicato com as empresas do consórcio, a prefeitura não tem vínculo com isso”, afirmou o secretário.

A questão do Município é com o consórcio, ressaltou: “Nós temos um contrato hoje com 158 ônibus. Como vem diminuindo os usuários ano após ano, pela deficiência, mau atendimento, não têm regularidade os horários…”

 

Obrigação judicial

Em recente decisão da Justiça sobre a greve, ficou determinado que 60% da frota tem que rodar nos horários de pico. “Dos 158 total do contrato, o sindicato e o consórcio teriam a obrigação de colocar 95 ônibus na rua e eles vêm colocando 60, prejudicando a população e a questão da saúde pública”, ressaltou José Elias.

O processo administrativo, de acordo com o secretário, está amparado nessas constatações.

Ele lembra que o Procon multou várias vezes o consórcio. “A iniciativa da administração municipal parte desse princípio e buscamos que tenha esse número mínimo de ônibus para atender a população”, completou.

 

Procedimento

A partir desse processo, a expectativa é de que o consórcio deixe em dia também os compromissos com os trabalhadores e, ao mesmo tempo, tenha a suspensão da greve pelo sindicato. “Com isso, esperamos que a frota circulante seja no número necessário, evitando, assim, as imagens de superlotação que vemos no dia a dia”, analisa o secretário.

A questão de outras cláusulas, de acordo com ele, seguirá sendo feita dia após dia, até que a população esteja satisfeita com o serviço. “Temos certeza de que o consórcio tem know how suficiente. Os trabalhadores com seus direitos sendo pagos em dia, o sistema pode e deve funcionar”.

José Elias conclui lembrando que não existe impedimento de o consórcio questionar, inclusive judicialmente, por possíveis perdas financeiras. “Mas em nenhum momento a prefeitura vai tolerar o descumprimento de nenhuma cláusula contratual”, afirmou.