Política

Municípios são destaque em Educação Empreendedora

Quatro Pontes – O resultado e a mudança de comportamento são visíveis quando temos crianças estimuladas, desde cedo, a serem protagonistas do próprio futuro. A observação é da secretária de Educação, Cultura e Esportes de Quatro Pontes, Araceli Basso Tauchert, mas poderia ser de tantos outros professores, secretários e coordenadores que incluíram o Programa Educação Empreendedora nos bancos escolares do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.

Por meio do projeto Jepp (Jovens Empreendedores Primeiros Passos), as crianças aprendem que as características do empreendedor de sucesso refletem não só nos negócios, mas em tudo o que se faz. “O Jepp sensibiliza os estudantes a observar o ambiente onde vivem, identificar oportunidades, assumir riscos calculados e tomar decisões, mesmo em situações desafiadoras”, aponta a consultora do Sebrae/PR e gestora de Educação Empreendedora no oeste, Nara Regiane Reinheimer Pick.

“Percebemos que as crianças encaram o empreendedorismo como um compromisso e passam a empreender no dia a dia. Entendem que empreender não é ganhar dinheiro, mas fazer a diferença mesmo nas suas tarefas diárias dentro de casa, como simplesmente deixar o próprio quarto organizado; até as mais complexas, como planejar o futuro, economizar e não comprar por impulso”, argumenta Araceli Basso Tauchert.

Quatro Pontes, assim como Candói, Santa Helena e Tupãssi aplicam a metodologia do Sebrae/PR em 100% das escolas municipais. Somente nesses quatro municípios, são cerca de 20 escolas envolvidas que beneficiam mais de 3,2 mil crianças.

Em Santa Helena, por exemplo, uma lei municipal instituiu o empreendedorismo como disciplina curricular nas escolas desde 2014. “Já são quatro anos de Jepp dentro da disciplina e a autonomia das crianças tem sido o grande destaque”, afirma Sandra Marli Dillerburger Hittler, coordenadora da disciplina no Município.

Sandra complementa que as crianças mudam o comportamento: “Tornam-se mais comunicativas, seguras de si, mais organizadas nas tarefas diárias e planejam mais. Isso se reflete, também, nos pais, que participam das atividades de empreendedorismo na escola, aproximam-se dos filhos e da comunidade escolar, relatam a melhoria dos filhos em casa, sendo mais responsáveis pelas suas atitudes, tarefas e ajudando aos pais”, destaca.

Metodologia

O projeto é aplicado, primeiramente, aos professores que trabalham conceitos e prática com os alunos. “Cada período trabalha com temas específicos: as crianças dos primeiros anos com ‘O mundo das ervas aromáticas’; os segundos anos com ‘Temperos naturais’; os terceiros anos trabalham a ‘Oficina de brinquedos ecológicos’; os quartos anos com uma ‘Locadora de produtos’; e, por fim, os quintos anos com o tema ‘Sabores e cores’”, detalha Nara Pick.

Para trabalhar em sala, os professores contam com o auxílio do livro do professor e cada estudante, com o livro do aluno. A linguagem do material é adaptada a cada fase da criança, abordando as temáticas de maneira lúdica, com personagens e situações cotidianas que mesclam aprendizado e diversão.

Responsabilidade

Para a coordenadora pedagógica de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação de Tupãssi, Silvana Cristina Flores, o envolvimento dos alunos com a metodologia ao longo desses anos têm resultado em crianças mais comprometidas, mais responsáveis e autônomas. “Eles chegam a pedir pelas aulas, que são mais práticas e diferenciadas. Mas os reflexos também são perceptíveis nos pais e professores, que ficam entusiasmados com os resultados e se aproximam do ambiente escolar”, argumenta.

Em Quatro Pontes, por exemplo, conforme relata a da secretária de Educação, Cultura e Esportes, Araceli Basso Tauchert, o tempo de aplicação do Jepp surtiu reflexos, até mesmo, nas escolas estaduais. “Depois de quatro anos de Jepp, hoje temos as melhores turmas já no colégio estadual. O relato veio de professores dessas crianças que, hoje, no Fundamental II, mostram-se mais preparadas e mais responsáveis, entendendo bem do compromisso que têm em estudar”, afirma Araceli Basso Tauchert.

Na opinião da secretária de Educação de Candói, Andréia Savoldi Teixeira, “os alunos aprendem a construir juntos, trabalhar em grupo, além de que sentem que podem, que têm capacidade para atingir seus objetivos. Tiram muito de pouco, do simples, quando têm vontade. Além de aprender a mexer com a parte financeira, percebem que é só querer para conseguir chegar a um objetivo traçado”.