A mobilidade elétrica se tornou a maior tendência mundial da indústria automotiva e governos lideram essa agenda ao promoverem projetos com veículos elétricos no transporte público com o objetivo de reduzir custos, ruídos, poluentes e de contribuir para a melhoria da qualidade de vida nos centros urbanos.
São muitas as vantagens para os consumidores. A energia elétrica é significativamente mais econômica e competitiva que os combustíveis fósseis. Enquanto a eficiência energética de um carro elétrico supera os 80%, carros a combustão não ultrapassam os 20%. Assim, a maior parte da energia é diretamente convertida em movimento, reduzindo perdas. Outra vantagem importante: carros elétricos possuem menos peças e têm menores custos de manutenção que veículos a combustão.
Não por acaso, as vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in saltaram de cerca de 22 mil (2009) para cerca de 750 mil (2016), um aumento de 133% ao ano. Somente em 2017, foram vendidos mais de 1 milhão de carros elétricos no mundo. O gráfico abaixo mostra este robusto crescimento em diferentes países e regiões do planeta.
Na China, maior mercado global de veículos a combustão, os veículos elétricos já representam 3% do mercado. Para 2018, o governo quer atingir 8% de elétricos no mercado do país.
Em países escandinavos, já nos primeiros meses de 2018, os elétricos detêm uma fatia superior a 30% de market share. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que, em 2030, cerca de 30% de todos os veículos vendidos no mundo serão elétricos. O forte aumento da demanda acelerará a queda dos preços destes veículos, tornando-os mais atrativos do que os tradicionais veículos a combustão.
As cidades chinesas começam a liderar essa agenda. Shenzhen, a capital das novas tecnologias da China, com 12 milhões de habitantes, surpreendeu o mundo ao anunciar que, ao final de 2017, havia transformado 100% da frota de ônibus da cidade em ônibus elétricos, com um total de 16.359 unidades. Além dos ônibus, toda a frota de veículos da polícia e dos correios da cidade, além de 12.518 táxis, são elétricos, um exemplo para o país e o mundo.
Na Europa, o processo se intensificou após o recente anúncio de medidas coordenadas de diferentes governos, para reduzir impostos e taxas, promover a infraestrutura de recarga, disponibilizar incentivos financeiros e proibir a venda de veículos a diesel num horizonte de médio prazo, entre outras.
Durante a COP21, Paris liderou a assinatura de medidas para promover energias renováveis e mobilidade elétrica em conjunto com 1.000 cidades do mundo. Paris, Milão, Oslo e Londres são exemplos: criaram zonas de baixa emissão nas cidades; estipularam metas de penetração entre 80% e 100% para frotas elétricas no transporte público até 2030; anunciaram incentivos financeiros para fomentar o setor, como a redução ou isenção das taxas de propriedade (IPVA), de circulação (pedágios), de estacionamentos; estabeleceram redução de impostos e subsídios diretos; entre outras medidas.
Alinhadas com esta tendência, as montadoras trabalham para liderar a transição: as principais fabricantes globais definiram data limite para que seus lançamentos sejam elétricos ou híbridos plug-in.
A Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) acompanha de perto esse avanço, acreditando na sinergia positiva entre a geração de energia limpa e renovável e a mobilidade elétrica sustentável. Em consonância com esta tendência global e nacional, o aumento da frota de veículos elétricos contribuirá, também, para a ampliação do uso da energia solar fotovoltaica, fonte renovável, limpa e sustentável que pode ser utilizada para recarregar os veículos elétricos diretamente em coberturas, telhados e fachadas de estacionamentos, garagens, residências, comércios, indústrias, edifícios públicos e propriedades rurais.
De forma ainda tímida, o Brasil começa a se inserir nesse cenário global e algumas cidades e estados brasileiros estão tomando a dianteira para acelerar o desenvolvimento dos veículos elétricos sustentáveis. São Paulo, por exemplo, deverá lançar, em breve, sua primeira frota de ônibus elétricos, abastecidos por energia elétrica produzida pela fonte solar fotovoltaica. Boa notícia para os paulistanos, mas e o restante do País?
Desse modo, para que o Brasil avance de forma mais robusta e estruturada rumo ao futuro, cada vez mais próximo, da mobilidade elétrica competitiva e sustentável, movida a energia solar fotovoltaica, é preciso que o governo federal assuma o seu papel de planejador e desenvolvedor deste setor e não deixe esta oportunidade única escapar.
A exemplo da China e dos países e cidades europeias, que já demonstraram seu compromisso com essa transformação positiva da mobilidade, o Brasil precisa construir uma estratégia robusta para promover um ambiente de negócios favorável ao crescimento dos veículos elétricos. Precisamos de políticas, programas, metas e incentivos que estimulem e catalisem o mercado, em linha com os interesses e anseios da população brasileira, cada vez mais preocupada com economia, praticidade e sustentabilidade.
Rodrigo Sauaia é presidente executivo da Absolar; Ronaldo Koloszuk é presidente do Conselho de Administração da Absolar; Adalberto Maluf é diretor da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) e diretor de Marketing, Sustentabilidade e Novos Negócios da BYD Brasil.
Não por acaso, as vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in saltaram de cerca de 22 mil (2009) para cerca de 750 mil (2016), um aumento de 133% ao ano
Paris, Milão, Oslo e Londres são exemplos: criaram zonas de baixa emissão nas cidades; estipularam metas de penetração entre 80% e 100% para frotas elétricas no transporte público até 2030