Brasília – O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nessa terça-feira (14), durante café da manhã com jornalistas, ser favorável à entrada da polícia nas universidades. “Autonomia universitária não é soberania”, disse.
Ele argumentou que, no passado, a regra pode ter feito sentido, mas atualmente é dispensável. “Entendo por que no passado foi criada essa soberania universitária. Mas hoje não tem necessidade de a polícia não poder entrar no câmpus. Por que as universidades têm regras diferentes do resto do Brasil?”
A relação entre o ministro e as universidades federais se deteriorou nos últimos dias depois do anúncio do contingenciamento de recursos para o setor e das críticas feitas ao desempenho de cursos de humanas. A Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Ensino Superior) publicou uma nota em que ressaltava, entre os argumentos, a autonomia universitária.
Torres de marfim
Nesta terça, Weintraub se referiu às universidades como “torres de marfim” e que a autonomia das instituições deve se dar também na área financeira, com a criação de mecanismos que permitam a busca de recursos e patrocínios. “Hoje elas não podem… Não estou falando em cobrar, sou contra cobrar dos alunos de graduação”, disse, mas, emendou que o ideal seria a criação de mecanismos para que empresas se tornem patronas de instituições, possam construir prédios, colocar nomes nas novas instalações: “Essas torres de marfim que a gente criou impedem que renda possa ser gerada para ser usada na pesquisa.”
Greve nacional
Foi organizada para esta quarta-feira (15) uma greve nacional em todo o País em protesto ao contingenciamento de recursos do MEC, medida que atingiu sobretudo as universidades federais. O prédio do MEC está cercado por homens da Força Nacional. O secretário executivo da pasta, Antoni Paulo Vogel, afirmou que a proteção foi pedida pelo MEC. “Temos de estar preparados para evitar qualquer tipo de problema. Simples assim.”
Weintraub se esquivou de fazer comentários sobre a greve. Ele condicionou a liberação dos recursos bloqueados à aprovação da reforma da Previdência e não descartou novos cortes.
Em várias capitais e cidades de médio e grande portes haverá concentrações de servidores públicos e até de estudantes e pais de alunos da rede privada.