As revelações dos envolvidos em um dos maiores escândalos da história do Paraná surpreendem cada vez mais. Quando se pensava que o caso era absurdo, você descobre que ele é muito pior. Ou, nas palavras de um dos pivôs do escândalo e operador do esquema, Maurício Fanini: “é só a ponta do iceberg”.
Nos últimos quatro anos, o Ministério Público voltou a ganhar os holofotes da mídia na sua grande cruzada contra a corrupção.
E vem do próprio Paraná a maior luta, tanto que ganhamos o apelido de República de Curitiba, onde está concentrada a força-tarefa responsável por números absurdos: abertos 1,7 mil procedimentos de investigação e realizadas 844 buscas e apreensões, 210 conduções coercitivas e 104 prisões temporárias, 157 condenados; 1.563 anos de prisão em penas. Por meio de acordos de delação premiada, foram recuperados R$ 10,3 bilhões desviados dos cofres públicos.
Ah, as delações premiadas. Odiados por alguns, amada por muitos. É justamente esse advento que tem permitido revelar o desvio milionário da Educação do Paraná. Embora Fanini seja acusado pelo seu ex-chefe Beto Richa de que seria o culpado de tudo sozinho, o fato é que ele sabe de tudo o que aconteceu, de tudo o que foi desviado, porque articulou (diz ele que a mando do ex-governador) e operou todo o sistema.
Por várias vezes o Ministério Público teve seu poder de atuação sob a mira de ações. Mas se não “peitasse”, será que os resultados seriam perto disso?
Fato é que o Brasil – e o Paraná também – mostrou que não aguenta mais ser expropriado. E se ainda estamos na ponta do iceberg, o que mais estará submerso?