Brasília – Embora formalmente com quase 100% de presença nas sessões realizadas no plenário da Câmara dos Deputados, o deputado federal Hermes “Frangão” Parcianello (MDB-PR) não participa efetivamente dos debates da Casa. Também não costuma ir às reuniões da Comissão de Viação e Transportes, da qual é titular. Ao menos desde o início da atual legislatura, Frangão elaborou uma rotina própria: a de registrar presença no ponto eletrônico da Câmara dos Deputados e ir embora. Às vezes, ele retorna para votar. Às vezes…
O levantamento foi feito pela “Gazeta do Povo” com base em dados do Legislativo. Ao longo de 2017, das 233 votações realizadas no plenário, Frangão registrou sua posição em 56 – foram 27 votos “sim”; 27 votos “não”; uma abstenção; e uma obstrução. Até o uso do microfone é restrito: de 2015 a 2017, Frangão usou o microfone do plenário em apenas sete situações.
“O Frangão é um mito. Tem um deputado do Paraná, do mandato passado, que saiu da Casa, depois de quatro anos, sem conhecê-lo”, relata um colega, que pediu anonimato para falar publicamente de um “companheiro de bancada”.
O próprio deputado do Paraná não vê a situação como algo ruim. Para a Gazeta, Frangão diz que escolheu ficar longe do plenário da Câmara dos Deputados – e também das 25 comissões permanentes da Casa, onde os parlamentares se debruçam sobre temas específicos, mesmo quando não ocupam cadeiras de titulares – para “se focar em obter recursos da União para levar aos municípios”.
“Eu fui muito plenarista nos meus dois primeiros mandatos, muito ativo, levantava cedo para me inscrever para falar. Mas, por causa da minha independência em relação ao meu partido, minha postura independente nas votações, você passa a não ser designado para uma presidência de comissão, para uma vice-presidência de comissão, para uma relatoria importante, e isso foi me impulsionado a cuidar cada vez mais das minhas bases, dos interesses locais”, argumenta o deputado “discreto”.