Política

Coluna Contraponto do dia 14 de junho de 2018

Gleisi, a última das moicanas

O julgamento da senadora Gleisi Hoffmann, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima terça-feira, tem seu lado simbólico: ela é a última petista que sobrou com proximidade e fidelidades absolutas ao ex-presidente Lula. Se condenada, Lula perde a porta voz e uma grande animadora da militância, capaz de dizer frases como “se prenderem Lula vai haver morte”.

Acusados

Gleisi e o marido, Paulo Bernardo, são acusados de receberem R$ 1 milhão da Petrobras que teria ido para a campanha eleitoral de 2010. Comparado ao pedido de “empréstimo” gravado e comprovado do senador mineiro Aécio Neves aos açougueiros da JBS, os irmãos Batista, é quase nada. Mas Aécio Neves continua Aécio Neves.

Dentro e fora

O problema é que não se perdoa em Gleisi a ousadia de se colocar na frente da batalha, contra quem quer que seja. E, mais ainda, mesmo diante de uma batalha perdida. É odiada fora do PT e, muitas vezes, criticada dentro do PT. Condenada e presa, será mais um troféu da Lava Jato, quase no patamar de Lula.

Cotação de Francischini

Sobe a cotação do deputado-delegado Fernando Francischini para ser candidato a vice na chapa de reeleição da governadora Cida Borghetti. Ainda mais agora que o grande (e único) suposto feito de Francischini quando era integrante da Polícia Federal – a prisão do megatraficante Juan Carlos Ramirez Abadia – vai virar filme. E apesar do massacre do Centro Cívico que ele comandou naquele inesquecível 29 de abril de 2015.

Dupla perfeita

E, para quem conhece ambos, o marido da governadora-candidata, deputado Ricardo Barros, e o delegado Francischini, tem tudo a ver. Uma dupla quase perfeita.

O sossego de Beto

Quem está bem próximo garante: não há nenhuma prova concreta de que o ex-governador Beto Richa tenha se envolvido diretamente na negociação de algum malfeito durante seus dois períodos de governo. Nem gravação nem vídeo, nada – a menos que alguém tenha gravado e ainda não divulgado conversas clandestinas.

Sei de nada…

Tal situação o coloca na mesmíssima condição do ex-presidente Lula, preso há dois meses numa cela da Polícia Federal. Não se tem nenhum vínculo documental de que Lula era dono do apê do Guarujá ou do sítio de Atibaia, ou que tenha recebido dinheiro de algum empreiteiro na própria conta bancária. Mas ele foi condenado pelo cargo de mando que ocupava e pelo conjunto da obra, como demonstrou o famoso power-point do chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dellagnol.

Homens de Beto

No caso de Beto Richa, todos, invariavelmente todos, os assessores mais próximos, do jornalista Deonilson Roldo ao misterioso “Grego”, o amigo Theodócio Atherino, foram citados numa ou noutra operação de investigação sobre desvio de dinheiro público. São os famosos “Homens do Beto Richa”.

General que prega golpe gera revolta

Associados tradicionais e com vocação democrática da ACP (Associação Comercial do Paraná) estão indignados com a palestra do general Antônio Hamilton Martins Mourão, conhecido como General Mourão. Ele defende a intervenção militar no País e foi convidado pela atual diretoria, comandada por Gláucio Geara, a falar nessa quarta-feira à noite na Casa. A ACP informou, pela assessoria, que muitos associados não foram ao evento. Pela história conservadora, sim, mas democrata da associação mais antiga de Curitiba, abrir espaço para um general assumidamente defensor da intervenção militar gera, realmente, um problema para a atual diretoria. E a lotação esgotada do auditório surpreende e choca muitos associados.