A indignação e a paz dos acusados
O ex-governador Beto Richa está indignado. A mulher dele, dona Fernanda, está em paz. Ambos reagiram assim à chuva de denúncias minuciosas que o ex-amigo pessoal e ex-diretor da secretaria de Educação Maurício Fanini fez na proposta de delação premiada aos procuradores públicos em Brasília. Nenhum xingo, nenhuma frase de efeito, nenhuma indignação, no entanto, retira das denúncias duas questões de primeira hora:
1) Sumiram mais de R$ 20 milhões de recursos públicos, estaduais e federais, destinados a reformas e construção de escolas do Paraná;
2) E essa montanha de dinheiro não apareceu nas contas de Maurício Fanini nem de ninguém.
Ora, se havia alguém responsável por gerir o dinheiro público (ao menos nesse montante) e fiscalizar as obras correspondentes, então houve descuido e descaso, o que já é uma irresponsabilidade por si só.
Detalhes…
As mensagens trocadas entre as matriarcas das famílias Richa e Fanini, dona Fernanda e dona Betina, e os envios de mesada de R$ 12 mil por parte de outro amigo da família Richa, conhecido como “Grego”, o empresário Jorge Atherino, a Maurício Fanini, depois da exoneração do cargo, e por mais de um ano, revelam detalhes incontestáveis.
“Fui traído!”
Os detalhes das viagens, dos pedidos de dinheiro para a campanha eleitoral, os encontros e as recomendações contam o resto da história. “Fui traído!”, disse Beto Richa à RPC. E pergunta: “Quem nunca foi?”
Outro lado I
A 1ª edição do Jornal Estadual da RPC, apresentada ao meio-dia dessa quarta-feira, concedeu espaço para o ex-governador Beto Richa se defender das acusações feitas contra ele na proposta de delação premiada do ex-diretor da Educação Maurício Fanini – o amigo que foi o mentor do desvio de R$ 20 milhões das verbas estaduais e federais que estavam destinadas à construção e reforma de escolas.
Outro lado II
Beto repetiu o de sempre: foi ele quem, ao perceber a irregularidade na construção de um muro, mandou a polícia investigar e o resultado foi que se encontraram irregularidades muito maiores. Diante das revelações, mandou prender, arrebentar, processar, bloquear bens etc. de todos os envolvidos. Dentre eles o indivíduo a quem ele chama agora de “criminoso”, que “conta mentiras” para terceirizar as próprias culpas e “enlamear” a respeitabilidade de Richa e família.
Distraída, Fernanda não apagou todas as fotos
Em sua proposta de delação, Maurício Fanini relata que um dia foi ao Palácio Iguaçu para conversar com Beto Richa e o encontrou “desesperado”. O governador estava apagando mensagens e fotografias do seu celular e pediu que Fanini fizesse o mesmo. Com medo que esses registros caíssem nas mãos do Ministério Público Estadual, que já investigava o esquemão, Richa não queria que ficassem vestígios de imagens e trocas de conversas entre eles e Luiz Abi Antoun, o primo-distante. Fanini não obedeceu a ordem e tudo continuou armazenado no seu celular. É possível que Beto não tenha transmitido a mesma determinação para a esposa, dona Fernanda. Ou, então, que ela, distraída, não tenha apagado tudo, porque quem acessa o Instagram dela ainda encontra imagens de momentos festivos entre os casais Beto/Fernanda e Maurício/Betina. Como o alegre registro da feijoada que um dia compartilharam no Bar Cana Benta e que foi motivo de recomendação de Fernanda.