Se há polêmica em plenário, pode ter certeza que o vereador Jorge Bocasanta (Pros) vai falar também. Mesmo que nem sempre seja compreendido, o médico é admirado por boa parte dos profissionais da saúde e pela classe política.
No ano passado o parlamentar tentou fixar prazo máximo para atendimento na rede de atenção básica, mas seu projeto enfrentou barreiras e acabou rejeitado.
Nas discussões, o parlamentar costuma ser bastante franco e muitas vezes utiliza um bom-humor ácido em seus apontamentos.
O médico concursado pela prefeitura é o único da atual legislatura que abriu mão do subsídio parlamentar, porque recebe como servidor público.
Diante da próxima metade do mandato, Boca espera que os “gritos” do Legislativo sejam ouvidos do outro lado da rua, lá no 3º andar do Paço Municipal.
HojeNews – Em vários períodos a saúde pública esteve em foco nos seus posicionamentos. Qual sua avaliação dos resultados desse trabalho e das mudanças ocorridas a partir do Legislativo cascavelense?
Jorge Bocasanta – Na realidade, o vereador só grita e grita. Ninguém obedece. Se eu pudesse e se eu mandasse, a realidade seria bem diferente. Por exemplo, vão pôr R$ 70 milhões em Samu e Siate – e o povo morrendo nas UPAs [Unidades de Pronto-Atendimento]. Com certeza, a minha gestão de saúde é diferente dessa que está aí, do que [prefeito] Leonaldo Paranhos e o [ex-prefeito] Edgar Bueno fizeram. Então, vejo que o vereador não tem muito o que fazer. Só gritar e se manifestar, pois nossas indicações eles não ouvem.
HojeNews – Como se dá a relação entre “oposição” e “situação” na Câmara, visto que a reclamação em plenário é justamente de não serem avaliados os argumentos antes da votação?
Bocasanta – Sempre digo que não sou oposição de ninguém. Tanto do [ex-prefeito] Edgar, quanto do [prefeito] Paranhos. Sou oposição às coisas que tenho convicção de que não estão certas. Se não estão certas, sou oposição. Se estiver certo, a gente vota a favor. Tem uns e outros que são oposição a tudo: eu não! Levo em conta o que acredito estar errado.
HojeNews – Sobre a coleta de lixo urbano foram feitas várias constatações. O que lhe chamou a atenção?
Bocasanta – O lixo de Cascavel ninguém pesa. É uma vergonha aquilo. Estão falando que é [pago] por quilometragem, mas, mesmo assim, tem que ser feita a pesagem – se não vão pegar o quê? A prefeitura tem que entender que o serviço de coleta de lixo não é Uber. Tem que ver se chega o caminhão com cem quilos ou vão pagar por 200 quilômetros? Tem que existir um peso do material. Ali vimos que existem irregularidades. É vergonhoso ver que estão anotando tudo em papel velho, nem mesmo sistema de controle existe.
HojeNews – Em relação ao Legislativo cascavelense, qual sua avaliação sobre a participação e o envolvimento dos parlamentares com projetos e ações?
Bocasanta – Uma pessoa de Toledo me falou que “nós, vereadores de Cascavel, fizemos mais que os vereadores de lá”. Vejo que é relativamente média. Tentamos fazer o negócio funcionar. Fiscalizamos, mesmo não podendo mandar. Mas a gente grita bastante, quem sabe uma hora alguém passe a nos ouvir e fazer o negócio funcionar como deveria.
HojeNews – Em relação à gestão do prefeito Leonaldo Paranhos, qual a expectativa para 2019?
Bocasanta – Espero que ele pare de mentir e trabalhe melhor.