Política

Após frustração nas urnas, políticos rompem alianças

Toledo – A frustração eleitoral no primeiro turno abalou as relações políticas em Toledo, levando o vice-prefeito Tita Furlan a ser considerado adversário do PP – sigla do prefeito Lúcio de Marchi.

Passadas as eleições, Furlan desabafou sobre retaliações a servidores que o apoiaram – inclusive com exonerações do alto escalão – e sobre o afastamento sofrido ainda antes da disputa.

Furlan se ausentou das funções do Executivo para se dedicar à candidatura a deputado estadual pelo PV. Mesmo com 18,3 mil votos – 14,4 mil só em Toledo -, não foi eleito. O mesmo aconteceu com Natan Sperafico, filho do chefe da Casa Civil, Dilceu Sperafico: fez 28,8 mil votos, 11,5 mil em Toledo – também insuficientes para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Na sexta-feira o vice-prefeito revidou declarações do deputado José Carlos Schiavinato (PP) – eleito agora ao Congresso Nacional.

Schiavinato atribuiu a Furlan o racha de votos em Toledo: “Tita não pertence ao nosso partido. Está na prefeitura devido ao processo passado e deve reanalisar a situação. Se o prefeito [Lúcio] tentar uma reeleição, estará contra. O grupo precisa reanalisar, do jeito que está não dá para ficar e não pode”, rechaçou. Disse que o PP não “teve falhas” e que o erro foi “de quem se lançou indevidamente”. Conforme ele, Furlan teria o compromisso de disputar as eleições municipais em 2020.

Furlan negou rebeldia no grupo político, até porque já teria avisado o prefeito que seria candidato a deputado estadual, “abrindo mão da candidatura em 2020 – deixando a Lúcio a possibilidade de reeleição. Acreditei que esse fosse o meu momento”.

Disse ainda que Lúcio apoiou sua decisão e até pediu voto para ele. “Em nenhum momento durante o período pré-eleitoral fui procurado pelo Dilceu ou pelo Schiavinato pedindo que eu desistisse. Eles inclusive alimentaram esse anseio da candidatura”.

Furlan questiona a força política do grupo que também não conseguiu eleger o filho de Sperafico. “Concordo que deve ser respeitada a vontade do povo. Eu, sem apoio, obtive 3 mil votos a mais que o candidato deles… sem o apoio do chefe da Casa Civil, do Lúcio, do Schiavinato, dos vereadores da base, dos secretários, de 100 comissionados, de mais de mil filiados do PP e sem fundo partidário”.

Vice reclama da falta de oportunidades

Mesmo com o abalo do grupo político, Tita Furlan pretende se manter no cargo de vice-prefeito de Toledo. Porém, agora declarou que desde o início da gestão teve baixa participação nas decisões políticas – inclusive sem poder decisivo na nomeação dos secretários. “Não opinei na nomeação dos secretários. Houve uma reunião onde nem me perguntaram o que eu achava: me apresentaram uma lista onde eu não conhecia nem metade. Estava em um contexto político onde não poderia me contrapor e aceitei o que estava acontecendo”.

Furlan diz que mudará a postura para se reaproximar do Executivo e que mantém uma relação “muito boa” com o prefeito Lúcio de Marchi.

Furlan critica a falta de oportunidade de assumir o comando do Paço: “Em várias vezes Lúcio disse que foi o vice que mais assumiu a prefeitura – o que eu até agora não tive a oportunidade um minuto sequer em mais da metade do mandato”.

Servidores próximos a Furlan foram removidos ou exonerados, até mesmo um estagiário que havia adesivado o carro em apoio a Furlan: “É uma atitude impulsiva e desnecessária”.