A semana que passou foi de tensão no governo municipal com a queda de três secretários, brigas internas e muita provocação política dos adversários do prefeito Leonaldo Paranhos. A ebulição política em Cascavel foi motivada pela troca de materiais da construção de uma ponte do Parque Linear do Morumbi, uma das obras do PDI (Plano de Desenvolvimento Integrado). Paranhos nega que uma crise tenha se instalado no governo e culpa a Contersolo Construtora, empresa responsável pela construção do Morumbi EcoPark, como a causadora do problema. O secretário Juarez Berté saiu atirando para todos os lados e diz que Paranhos também deveria ser afastado. Em meio ao tiroteio, Paranhos concedeu entrevista ao Hoje News, elogiou os três secretários envolvidos na polêmica e diz que eles poderão voltar ao cargo após o processo administrativo, mas ressaltou: “Se quiserem brigar, briguem pelo lado de fora”. Confira a entrevista.
Crise
“Não é uma crise, o governo tem que ser ágil e hábil e nós não podemos parar. Qualquer tipo de ferramenta que possa atrapalhar o trâmite de um governo precisa ser resolvido. Esse problema nós estamos resolvendo. O Fernando Dillenburg pediu temporariamente para sair, pode ser definitivamente, mas pediu porque ele se sente incomodado com algumas insinuações de que ele estaria defendendo algo errado e não existe isso. Eu várias vezes tenho dito que não existe nenhum erro de nenhum secretário, o único erro que existe é o da empresa que fez uma obra sem autorização expressa, sem o aditivo ser publicado, então para a gente poder resolver isso o que eu fiz: determinei uma sindicância, um processo administrativo, para ficar documentado aquilo que eu já sei, que não houve autorização, até porque não poderia haver autorização, que só pode ser feita pelo prefeito que autoriza o aditivo e tem que ser publicado. A gente vai ouvir os donos da empresa, botar no papel o motivo que fez eles trocarem o produto de uma obra que tinha sido licitado e vamos ouvir também o fiscal da obra, o fiscal do contrato para saber porque isso aconteceu e não houve ou se houve algum tipo de notificação à secretaria”.
Interesses escusos
“Não acredito. Só se pediram para a empresa fazer isso, mas eu acho que não. Parece-me que a empresa, inclusive, é uma boa empresa. O problema é que as pessoas estão acostumadas [com a ideia de] que o poder público pode fazer qualquer coisa, sem organização, por isso que estamos da forma que estamos. A população não acredita mais no poder público. E o nosso pilar central é a transparência, eu não posso pagar algo que não foi feito o trâmite que deve se feito para pagar. Eu vou responder a um processo por isso, as pessoas vão explorar negativamente isso e eu não quero que isso aconteça no governo, por isso a nossa decisão [de exonerar os secretários]”
Saída de Berté
“Eu ponderei com ele exatamente isso [a saída do governo], porque como nós vamos fazer esse processo interno e o outro secretário, o Fernando, estará do lado de fora e eles têm uma divergência que já é conhecida, isso poderá trazer um problema, então eu quero total isenção, tanto é que não vou nomear secretário em nem uma dessas três pastas. Já chamei os diretores, eles continuarão respondendo pelas secretarias sob o meu comando, vou conhecer o plano de trabalho das secretarias, poderemos tocar em frente, mudar alguma coisa dentro daquilo que é nossa necessidade, mas não vou nomear ninguém até o processo administrativo ser concluído, o que deve ser dentro de 30 ou 45 dias”.
Sem erros
“Nós não cometemos nenhum erro, aliás, o que nós fizemos foi licitar uma obra. A obra consta aquele tipo de material, mas mesmo assim em novembro nós tomamos uma medida e fizemos uma notificação à empresa para ela executar o projeto conforme a licitação. Eu estou esperando o prazo concluir para poder usar a ferramenta que eu tenho que é de notificação e de multa se ela não cumprir o cronograma de obras, ou até mesmo numa questão de bom senso até conceder o aditivo desde que ela faça aquilo que está determinada, um aditivo de prazo, para que ela possa cumprir o que está no contrato”.
Volta dos secretários
“Claro [que podem voltar] e acho que deve, inclusive. São dois bons secretários. O Berté vem fazendo um excelente trabalho dentro do programa Cidade Limpa, transformou a cidade, nos colocou no ano passado como a quinta cidade mais limpa do Sul do Brasil. O Fernando Dillenburg está fazendo um trabalho extraordinário, implantamos o IPC (Instituto de Planejamento de Cascavel). Eles cabem em qualquer lugar no governo. O que eu não quero e não vou aceitar é que a gente fique perdendo tempo com discussão que não produz, só isso! Também é uma decisão deles, de voltar ou não. A cidade tem 320 mil habitantes e tem muita gente boa. O que eu preciso fazer é gerenciar a cidade para ter menos problemas possíveis”.
Influência da crise
“Se eu não tomar as providencias que estou tomando pode influenciar [no governo], porque fica alguém que está lá dentro respondendo por uma secretaria, mas brigando com acusações, isso pode complicar. É exatamente isso eu estou dizendo: se quiserem brigar, briguem pelo lado de fora, enquanto isso eu faço o que tem que ser feito administrativamente, consolido a documentação e a gente vai cobrar da empresa que é a grande causadora desse grande problema. Mas nós vamos resolver isso. Isso não tem problema. Quem faz erro tem que justificar os seus erros e a empresa errou e terá que pagar por isso”.