Opinião

O abismo entre o empregador e o empregado

Por Carla Hachmann

O setor industrial brasileiro vive um paradoxo. Com um contingente de 11,6 milhões de desempregados, metade das fábricas diz ter dificuldade para encontrar mão de obra qualificada. E já foi pior. Os dados são da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Em 2011 e 2013, esse índice era de 66%. A queda é atribuída, em grande parte, à própria crise econômica que reduziu significativamente os quadros de funcionários nas indústrias.

A pesquisa da CNI ainda apontou que as empresas têm dificuldade em encontrar mão de qualificada em todos os níveis, mas nos cargos de produção essa é barreira é maior. Pelo levantamento, 96% das empresas reportaram dificuldade em contratar operadores qualificados, e 90% disseram que o maior desafio está em encontrar técnicos capacitados.

O estudo da CNI constatou que boa parte desse problema é causada pelo péssimo nível educacional no País e pela falta de formação técnica.

A questão é: quem deve ser essa ponte entre o desempregado e o empregador? Afinal, esse é um vácuo que não ajuda ninguém, pelo contrário, prejudica a todos.

Que a educação no País precisa melhorar todos estão cansados de saber. Mas a curto prazo, como podem resolver isso? Afinal, as expectativas são de retomada de crescimento, e como a indústria vai se virar? Como pensar em inovar diante de um quadro desses?

Por outro lado, há o próprio Sistema S, criado com o objetivo de promover o desenvolvimento profissional em todos os setores, inclusive na indústria. O que falta, talvez, é um pouco de boa vontade das partes para reduzir esse abismo que tanto prejudica o País.