Opinião

Coluna Amparar: Por que você quer um relacionamento?

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As relações de casal costumam iniciar-se pelo enamoramento. Quando, durante esse período de enamoramento, não conseguimos cultivar uma relação duradoura de amor, o relacionamento tende a esgotar-se e levar à separação. Vamos analisar brevemente os motivos mais comuns que levam uma pessoa a decidir-se por um relacionamento duradouro. Veja se você consegue identificar qual foi o seu motivo estável ou, se não estiver ainda em um relacionamento, o que busca em uma união.

Algumas pessoas são motivadas a um relacionamento pelo conforto da renda ou da condição econômico-financeira que uma das partes, ou mesmo ambas, detêm. É um motivo justo querer uma vida confortável. No entanto, quando a relação inicia com um grande desequilíbrio esta diferença tende a ser uma causa de fracasso. Em geral, quem abandona a relação é aquele que menos tinha quando a relação se estabeleceu. O motivo dessa dinâmica é o desequilíbrio que se formou entre marido e esposa quanto à troca entre dar e receber.

Outro motivo que algumas pessoas costumam considerar quando buscam um parceiro é avaliar até que ponto ele poderá ser um pai ou uma mãe excelente para os filhos que pretende ter. Uma relação assim tende a se esfarelar tão logo o objetivo for alcançado. Ou seja, depois que o casal tem filhos, o cônjuge estava movido por este interesse passa, inconscientemente, a sabotar a própria relação até levá-la à separação.

Alguns casais também se formam pela necessidade de oferecer proteção um ao outro. Trata-se em geral de casais com histórias de abuso em seu sistema, em que o medo leva à busca de amparo. São relacionamentos nos quais em geral atua a dinâmica pai-mãe. A pessoa que sente necessidade de cuidado e proteção assume o lugar de filho ou filha e a outra pessoa a de pai ou mãe. Algumas vezes esse tipo de relacionamento tem vida longa. Com o passar dos anos os cônjuges se tratam com amor fraterno, mas nem sempre com a intimidade do amor conjugal.

Muito comum também é decidir-se por uma parceria em base aos atrativos físicos. Ainda que o corpo exerça uma forte atração, o atrativo físico leva em conta o julgamento social do que é considerado belo. Quando o único, ou o principal, motivo está na beleza física, estamos diante de uma relação de vida curta. Quem costuma decidir-se por este componente tende a enfileirar relacionamentos. O motivo disso é que a base do vínculo está em algo espiritual, o amor. Tudo o mais, como dinheiro, beleza, segurança, filhos, etc. não têm força suficiente para conservar o vínculo.

Estas motivações, ou alguma delas, podem até compor nosso desejo, mas não podem ser o que determina nossa decisão de estabelecer um vínculo duradouro com alguém. Pensar que uma parceria pode ser formada desse modo é imaginar que a união de um casal não passa de um contrato cujo tempo de duração pode ser modificado segundo o capricho de um ou de outro.

O único motivo sólido para o êxito de uma relação é o amor. Quando é o amor que une um casal nem a falta de dinheiro, nem a ausência dos atrativos físicos socialmente valorizados, nem a doença e os destinos difíceis serão capazes de separar. No entanto, é preciso estar atento para que o amor que vincula aconteça no respeito à ordem. O amor enquanto puro sentimento se esfumaça muito rapidamente. O amor sobrevive unicamente dentro da ordem. A ordem é o vaso, o amor o líquido que assume a forma do vaso.

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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar – whatsapp: https://bit.ly/2FzW58R